Victor Hugo Oliveira do Nascimento estava resfriado quando estreou no Planeta Atlântida. Mais conhecido como MC Cabelinho, ele pediu desculpas em vários momentos por não estar 100%. Para o público, tudo bem: os planetários pularam e cantaram todas as músicas. Mas ponha ênfase nisso.
Cabelinho subiu ao Palco Planeta às 18h30min, nesta sexta-feira (2), e realizou uma apresentação bastante conectada com os fãs. Aliás, foi neste momento que o público mais jovem do Planeta Atlântida se aproximou do palco. “Cadê você, eu vim aqui só pra te ver”, ouvia-se os fãs antes do cantor subir ao palco.
Com 28 anos completados no último domingo (28), Cabelinho nasceu e foi criado no complexo de favelas do Pavão-Pavãozinho-Cantagalo (PPG), no Rio de Janeiro. Além dos palcos, ele também já atuou nas novelas Amor de Mãe e Vai na Fé.
O cantor começou a divulgar seus funks na web no começo dos anos 2010, contando como inspiração nomes da cena como Frank, Tikão, Smith e Orelha. Ao natural, como o MC mesmo define, Cabelinho fez a transição do funk para o trap. Para ele, o subgênero do rap seria um caminho mais propício à fase da sua vida.
Além de MCs das antigas, vale ressaltar que a maior inspiração artística para Cabelinho é a cantora inglesa Amy Winehouse. Ele tem nada menos do que quatro tatuagens da artista espalhadas pelo corpo.
Ele abriu o show com Né Segredo, que versa sobre contabilidade: “Deixa eles contar história / Que eu gosto de contar dinheiro”. Os planetários deliraram, ao mesmo tempo em que muitos celulares estavam para o alto — quem era baixinho talvez tenha visto essa parte por outra tela.
O show seguiu com 7 Meiota, que, ao término, o cantor agradeceu ao Planeta e comentou pela primeira vez que estava resfriado. Por fim, confundiu a cidade do festival:
— Obrigado, Porto Alegre.
Antes de Eu Sou o Trem, Cabelinho orientou:
— Fala pro teu amigo: “Eu te amo, seu filho da puta”. Quero ver todo mundo tirando o pé do chão.
Quando rolou a voluptuosa De Marola, os planetários pularam forte. E saltaram ainda mais forte com o hit X1, onde Cabelinho ostenta suas conquistas: “Meu cachê tá valendo sim/ Um preço de um Volvo/ Investindo os meus bens/ Empilhando ouro”, que transmite também sua autoestima: “Me sinto tão bem/ Bonito e gostoso/ Tô rico também/ Favela no topo”.
Meu Mundo foi outra a empolgar os planetários. Quando a música acabou, algumas imploraram, em coro:
— Tira a blusa! Tira a blusa!
Cabelinho sorriu, mas alegou que não queria exibir uma barriga de chope e que está começando a malhar. Quando estiver “no shape”, como justificou, ele tiraria a blusa.
Mais tarde, aqueceu o clima na Saba com Fogo e Gasolina: “Cara na cara, no pelo e na pele/ Corpos em transe, você tão sexy”.
Quando chegou o momento de Era Uma Vez (Poesia Acústica #6), ele nem precisou cantar, praticamente: com ímpeto, os planetários entraram toda a parte do cantor na música.
Já em Carta Aberta, o cantor ameaça uma vingança: “Eu vou me vingar de todos que riram de mim/ De todos que riram de mim”. Porém, o verso “Sei que você tá peidando” viralizou nas redes, especialmente por Cabelinho colocar um coral para cantar a frase (inclusive, no registro em clipe). No Planeta, o público cantou Carta Aberta enfaticamente. Todos ali pareciam saber que alguém está assustado (e com problemas de flatulências).
No final, Cabelinho chamou um fã chamado Mateus para agitar no palco e deixou o Planeta com músicas de sua fase funkeira tocando no som elétrico. Aqui, muitos planetários começaram a rebolar. De fato, um show conectado com os fãs.