O corpo de Rita Lee é velado na manhã desta quarta-feira (10), no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo. A despedida ocorre das 10h às 17h e é aberta ao público. A família da artista informou que ela será cremada, conforme a vontade dela, em cerimônia reservada a familiares e amigos.
Rita deixou o marido, Roberto de Carvalho, com quem ficou casada por 46 anos, e três filhos do casamento com ele: Beto Lee, João e Antônio. Anteriormente, ela foi casada com Arnaldo Baptista, seu parceiro na banda Os Mutantes.
Durante o velório, o teto do Planetário irá exibir a projeção do céu em 31 de dezembro de 1947, data de nascimento da cantora.
O corpo de Rita chegou ao Ibirapuera por volta das 5h desta quarta, quando alguns fãs já começavam a formar fila para se despedir da cantora. Eles aguardaram debaixo de chuva a abertura dos portões. Muitas coroas de flores também foram enviadas ao Planetário.
João Lee, um dos filhos da artista, foi o primeiro a chegar ao local. Ao g1, ele comentou o legado da mãe.
— É uma pessoa muito única. Para mim, ela vai ser eterna. Acho que para todo mundo — afirmou. — Era uma loucura a dignidade dela, a sensibilidade dela de lidar com as pessoas, de entender as pessoas, a forma que ela tinha de se comunicar com o público, com o mundo, uma pessoa muito única. Eu não sei se eu conheci uma pessoa tão igual na minha vida, mas eu tive o privilegio de passar 43 anos com ela, aprendendo demais, recebendo os valores dela.
Beto Lee, o filho mais velho de Rita, falou sobre a relação da mãe com a cidade de São Paulo, onde ela nasceu.
— Eu vejo esse lance da relação dela com a cidade com uma certa dívida que ela tinha porque São Paulo foi uma certa plataforma, toda a base para ela começar essa carreira com Os Mutantes. São Paulo tem essa coisa especial, sempre esteve no coração da minha mãe. Hoje será uma celebração incrível — comentou.
A irmã da cantora, Virgínia Lee Jones, também esteve presente na cerimônia. Outras personalidades foram se despedir de Rita, como Serginho Groisman, Pedro Bial e Rita Cadillac, além do deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy e os filhos dele, João e Supla.
No livro Rita Lee: Uma Autobiografia (2016), a cantora imaginou como seria a repercussão de sua morte. "Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão Ovelha Negra", escreveu em um trecho. "Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: Thank you Lord, finally sedated. Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa", concluiu a artista, na época.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias pela morte da artista. O decreto foi publicado na terça-feira (9), em edição extra do Diário Oficial da União. Durante o período, as bandeiras do Brasil em prédios públicos ficam hasteadas em meio mastro.