Um dos shows mais aguardados pelos fãs presentes no Rap in Cena que foram ouvidos pela reportagem de GZH era o de MV Bill. Ele se apresentou na tarde deste domingo (16), ao lado de Kmilla CDD, no palco World, o principal do evento.
Após um show recheado de clássicos, como Estilo Vagabundo e 3 da Madruga, que empolgaram a plateia, MV Bill recebeu GZH em seu camarim. O artista viu com empolgação a realização do Rap in Cena em Porto Alegre, já que considera a capital gaúcha como um local que produz bons eventos ligados à cultura urbana, na qual o hip hop está inserido.
— Eu já tinha visto o Rap in Cena de longe, mas essa é a primeira vez que eu participo. Quando eu fui chamado para participar, conheci o Kenni (Martins, idealizador do evento) e ele me falou o porquê estava me chamando: pelo fato dele ser fã e de respeitar meu trabalho, mas, sobretudo, por eu ser um dos caras que ajuda arquitetar o hip hop pela minha atividade, pela minha idade, pela minha história. Eu achei isso fantástico vindo dele — explica o músico.
Segundo MV Bill, ele viu no Rap in Cena a oportunidade de se reunir com diversas gerações da cena e, também, com uma plateia com uma faixa etária diversa. Para ele, é uma experiência única ter tal vivência, vendo adolescentes e pessoas com mais de 50 anos cantando a sua música com a mesma empolgação:
— Me sinto muito privilegiado de ver a minha música atravessando gerações, depois de passar por tudo que passei. Lancei um livro agora, onde conto toda a minha história de sofrimento para chegar nos meus objetivos dentro da música e chegar neste momento da vida, com quase 50 anos, tocando no mesmo palco com uma molecada com idade para serem meus filhos. E a plateia gostando e respeitando o meu trabalho, não como um "coitadinho" ou com um "tamo com pena dele", não, mas porque "o show dele é fod* pra caral***, é necessário".
MV Bill ainda reforça que o rap, hoje em dia, passa outro tipo se reflexão daquele que é feito por ele e pelos artistas de sua geração.
— É outro tipo de reflexão, até quando fala de alguma coisa mais séria é uma outra forma de falar, é uma outra abordagem. Então, acaba que o que eu faço é único — destaca.
E o artista ainda reflete sobre como o rap é visto atualmente, comparando com a ideia que o gênero musical transmitia no passado:
— Teve um período em que o rap era importante porque alertava a periferia sobre algum problema, sobre alguma coisa. Talvez, hoje, a importância seja mais econômica, porque muitos jovens que são de periferia conseguiram ganhar muito dinheiro, conseguiram mudar de vida justamente através da música, através do ganho, através dos shows, da forma de ficar famoso. Eu acho que neste aspecto mudou um pouco.
Kmilla CDD, por sua vez, enxerga o Rap in Cena como um evento de grande importância pois conecta várias gerações da cultura hip hop:
— Temos a velha guarda e a nova geração, que está fazendo bastante rap de boa qualidade também. E ter um evento grandioso como esse, com essa junção desse pessoal todo, a gente fica muito feliz e só agradece.
O Rap in Cena segue no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, o Harmonia, até as 23h50min deste domingo. Ainda sobem ao palco nomes como Racionais MC’s e Matuê.