Não foi um disco, não foi uma canção: o maior evento musical no Brasil em 2019 foi a turnê nacional que marcou a reunião de Sandy e Junior. Em Porto Alegre, a nostalgia também embalou eventos como o novo show da Xuxa e o reencontro da banda Los Hermanos. Em um ano com shows internacionais que lotaram estádios, não faltaram nomes da música independente local e nacional e festivais que se viraram para contornar dificuldades na captação de recursos. Veja os destaques da temporada.
Sandy e Junior
A turnê Nossa História, que Sandy e Junior colocaram na estrada para celebrar os 30 anos de formação da dupla, provocou histeria de fãs – que tiraram da gaveta a faixa com os nome dos irmãos em glitter – e somou 18 apresentações percorrendo, além do Brasil, Estados Unidos e Portugal. A série de shows foi a segunda mais lucrativa do mundo em 2019: em média, arrecadou US$ 2,25 milhões em cada parada, atrás apenas da turnê de Elton John. Em Porto Alegre, Sandy e Junior fizeram show em setembro para 46 mil pessoas, o terceiro maior público de um espetáculo na história da Arena do Grêmio, depois de Coldplay (47 mil) e Roberto Carlos (50 mil). Eles não se apresentavam juntos havia 12 anos e fizeram canções como As Quatro Estações e A Lenda voltarem à boca do povo.
Astros internacionais
Entre os shows internacionais que passaram pela Capital, o de Ed Sheeran era um dos mais esperados. O cantor inglês emocionou 40 mil pessoas na Arena do Grêmio, em fevereiro. Em outubro, o Iron Maiden revisitou o seu repertório de quatro décadas em um espetáculo com ares de ópera metal, também numa Arena lotada.
Os fãs do som pesado também vibraram com Scorpions, Whitesnake e Helloween, juntos, no Gigantinho, no festival Rock ao Vivo, e o Dream Theater, no Pepsi on Stage. Na seara do rock alternativo, dois nomes impressionaram: a australiana Courtney Barnett, no Opinião, e a banda inglesa Shame, no Agulha.
RS de rock, pop e rap
Entre os shows de lançamento de discos de artistas gaúchos em 2019, três destaques: Sua Alegria Foi Cancelada, oitavo álbum da Fresno, embalando a melancolia das letras com arrocha e groove, entre outros ritmos (em outubro, no Opinião); Não Vejo a Hora, segundo trabalho solo de Humberto Gessinger, no qual mescla pop rock com faixas acústicas (também em outrubro, no Araújo Vianna); e Pq, de Saskia, trabalho em que rap, distorções e sons experimentais trazem letras calibradas na crítica social e no ativismo político.
Uma festa e um fim
A Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul celebrou 10 anos com um concerto especial na Sogipa, em setembro. O projeto social aproxima mais de cem alunos de baixa renda, com idades entre 10 e 24 anos, da música de concerto. No final do ano, uma nova comemoração: o contrabaixista Ezequiel Moraes de Paula (na foto, com o maestro Telmo Jaconi), de 22 anos, tornou-se o primeiro aluno do projeto a se formar bacharel em Música.
Outra formação, entretanto, encerrou uma trajetória de 23 anos marcados por concertos gratuitos e repertório popular. Em fevereiro, a Unisinos anunciou o fim da sua orquestra e também do seu coral, com 53 anos de história.
A persistência dos festivais
Para os fãs de jazz, 2019 foi o ano em que contrabaixista norte-americano Ron Carter pôs os pés em Porto Alegre e fez um histórico show no Centro de Eventos do BarraShoppingSul.
A apresentação marcou o lançamento do quinto POA Jazz Festival, que contornou com sucesso a escassez de recursos promovendo uma edição mais enxuta, em novembro.
No Interior, o Mississippi Delta Blues Festival, em Caxias do Sul, e o Morrostock, em Santa Maria, também resistiram bem. Mas o Meca Festival realizou, em outubro, sua última edição em Maquiné. No meio do mato, Gal Costa, 74 anos, cantou para o jovem público, que também curtiu nomes como Tulipa Ruiz e MC Tha.
O adeus da matilha
Foi o ano do adeus à Cachorro Grande. Mais de uma vez. A banda realizou duas apresentações de despedida, em julho, no Opinião. No entanto, o grupo teve de se reunir em outubro para cumprir o contrato de um show acertado antes do anúncio de sua dissolução (em novembro de 2018), marcado para a Fenachamp, em Garibaldi.
A matilha voltaria a se encontrar nos palcos para tocar duas músicas em dezembro, ao final de uma noite que teve shows solos do vocalista Beto Bruno e do guitarrista Marcelo Gross.