Correção: Beto Bruno se referiu ao baterista Eduardo Schuler na apresentação, e não a Gabriel Boizinho, como publicado entre 23h de sábado (13) e 16h45min deste domingo (14). O texto já foi corrigido.
Quem viveu a adolescência nos anos 2000 e esteve no show de despedida da Cachorro Grande, que fez as últimas duas apresentações de seus 20 anos de carreira neste sábado (13), sentiu-se em casa. Com direito a uma garrafa de vinho no palco e músicas de diferentes fases da banda gaúcha, o clima de nostalgia tomou conta do Opinião, em Porto Alegre.
Parecia uma festa de garagem. Entre uma faixa e outra, os integrantes compartilhavam bebidas, sentavam no chão como se estivessem na sala de casa e faziam agradecimentos ao público. GaúchaZH conferiu a primeira das duas apresentações — uma marcada para as 18h e a segunda, para as 20h. Por volta das 18h15min, os músicos entraram no palco e abriram os trabalhos com Você Não Sabe o que Perdeu, do disco Pista Livre, de 2005.
Um dos momentos mais emblemáticos foi na metade do setlist, quando o vocalista Beto Bruno disparou:
— Foi neste palco que começou tudo e é o sonho de qualquer banda estar aqui. Tocamos umas 20 vezes nele. Toda vez que toco é um sonho. (...) Foram os melhores 20 anos das nossas vidas... da minha, com certeza.
— Os 20 anos da minha vida também! — gritou o guitarrista Marcelo Gross, emendando um abraço caloroso em Beto.
— Nós aprontamos muito mesmo nesse período. Eu amo muito vocês, tu devia ter entrado antes (apontando para o baterista Eduardo Schuler, rindo). Mas nada melhor agora, nesse clima, do que tocar a nossa primeira música...
Então, a banda emendou Debaixo do Chapéu, do álbum de estreia Cachorro Grande, de 2001. O clima de parceiragem ficou mais forte na pausa seguinte. Mais uma vez, Beto não segurou a emoção:
— Quero apresentar um dos amores da minha vida, Marcelo Gross.
O ex-guitarrista prontamente agradeceu o carinho e brincou com o momento histórico que viviam:
— Depois de 20 anos, resolvemos enterrar o Cachorro (risos).
A partir dali, a festa subiu a temperatura. Sem Bruno, Gross liderou as performances de Dia Perfeito, faixa eternizada pelo Acústico MTV (2005) e cantada em coro pelo Opinião, e O Que Você Tem, do álbum Todos os Tempos (2007). Depois, já com Bruno no palco, vieram Velha Amiga e Sinceramente — mais uma vez, sendo enaltecida pelo público que cantou com os músicos.
A apresentação foi encerrada por volta das 19h45min, após a performance de Sexperienced e um bis, a faixa My Generation, em cover do The Who. Esta última transmitiu exatamente o clima da festa: diferentes gerações estavam no público — havia, até mesmo, pessoas que assistiram a Cachorro Grande pela primeira vez. Isso sem falar nos filhos do tecladista Pedro Pelotas, que roubaram a cena pulando muito nos mezaninos.
Essa foi a despedida da Cachorro Grande. Vão deixar saudades.
Futuro
A Cachorro Grande anunciou,em novembro do ano passado, que encerraria as atividades em 2019 com uma turnê de despedida. Cada um dos membros da última formação deve seguir para um lado, a partir de agora: o guitarrista Rodolfo Krieger mudou-se para a Europa, o baterista Gabriel Boizinho deve investir em produção musical, o tecladista Pedro Pelotas planeja tocar projetos pessoais, e o guitarrista Gustavo X se junta a Bruno na carreira solo do vocalista. Marcelo Gross, guitarrista e sócio fundador da Cachorro Grande, saiu da banda em 2018 e já tem dois álbuns solo.
Nas apresentações derradeiras em Porto Alegre, a formação da banda contou com Beto Bruno, Gross e Pedro Pelotas, com a adição de Eduardo Schuler (bateria) e Rodrigo Luminatti (baixo).
Setlist
Você Não Sabe O Que Perdeu
Hey Amigo
Conflitos Existenciais
Que Loucura
Desentoa
Bom Brasileiro
A Hora do Brasil
As Próximas Horas Serão Muito Boas
Como Era Bom
Roda Gigante
Debaixo do Chapéu
Dia Perfeito
O Que Você Tem
Velha Amiga
Sinceramente
Lunático
Sexperienced
My Generation