
Faleceu na noite de segunda-feira (12), aos 96 anos, o maestro e compositor Ernst Mahle, um dos principais nomes da música erudita no Brasil.
Ele estava internado no Hospital Unimed, em Piracicaba (SP), cidade onde construiu grande parte de sua trajetória artística e fundou, em 1953, a Escola de Música de Piracicaba, hoje batizada com seu nome.
O velório e o sepultamento ocorreram nesta terça-feira (13) no Cemitério Parque da Ressurreição, em Piracicaba.
Trajetória
Natural de Stuttgart, na Alemanha, Mahle nasceu em 3 de janeiro de 1929, no que ele próprio definia como "o inverno mais rigoroso do país".
Ainda jovem, viveu os horrores da Segunda Guerra Mundial e chegou a trabalhar numa fábrica de peças para aviões na fronteira com a Áustria, antes de descobrir sua vocação musical.
A paixão pela música surgiu após assistir a uma apresentação do Conservatório de Paris, quando morava em Bludenz, cidade então sob ocupação francesa.
Mudança para o Brasil
Foi em 1951 que a família Mahle decidiu recomeçar no Brasil, influenciada por um filme sobre o Rio de Janeiro. Instalado em São Paulo, Ernst ingressou na Pro Arte Seminários e teve aulas com Hans Joachim Koellreuter, que o encorajou a seguir profissionalmente na música.
Pouco tempo depois, em 1953, fundou a Escola de Música de Piracicaba ao lado de nomes importantes do cenário cultural local.
O compositor começou a criar obras para oferecer repertório didático para seus alunos. Inspirado pelo folclore brasileiro, Mahle produziu mais de duas mil composições e arranjos, muitos deles reconhecidos dentro e fora do Brasil.
Reconhecimento
Entre os muitos prêmios recebidos ao longo da carreira, destaca-se o Prêmio Açorianos de Música, em 2019, com o disco Ernst Mahle: A Integral para Violoncelo e Piano, interpretado por Hugo Pilger e Guilherme Sauerbronn.
Na mesma edição, Mahle foi eleito o melhor compositor do ano, consolidando sua importância no cenário erudito.
Além disso, também se destacou com óperas como Maroquinhas Fru-Fru (1974), com libreto de Maria Clara Machado, A Moreninha (1979) e O Garatuja (2006).
Legado
Casado desde 1955 com a pianista Maria Apparecida Romera Pinto Mahle, também fundadora da Empem (Escola de Música de Piracicaba Ernst Mahle), o maestro teve cinco filhos: Ernesto, Cecília Elisabeth (já falecida), Claudio, Ricardo e Leonora.
Sua família se estendeu ainda aos netos Erick, Sebastian, Cecília e Inês, e à bisneta.
A partida também foi anunciada pela Orquestra Sinfônica de Piracicaba (OSP), que manifestou nota de pesar.
“Prestamos nossa mais sincera homenagem a esse que foi — e continuará sendo — um dos maiores nomes da música brasileira e internacional”, afirma a OSP em nota divulgada.