Correções: o nome do guitarrista da banda Whitesnake é Reb Beach, e não Rob Beach; a música Crying in the Rain não foi tocada pelo Whitesnake; o nome correto da música do Helloween é Perfect Gentleman, e não Gentleman. As informações, publicadas entre às 22h52min de terça-feira e às 11h10min desta quarta, já foram corrigidas no texto.
Em um dia de muito calor em Porto Alegre, a temperatura ficou ainda mais alta no Gigantinho, onde Helloween, Whitesnake e Scorpions se apresentaram dentro da programação do festival Rock Ao Vivo. Cerca de oito mil fãs de diferentes gerações, de acordo com a organização, vibraram muito com as lendas do rock na noite desta terça-feira (1º).
Entre eles, três acrianos movidos pela paixão pelo Whitesnake. Jacy Neto, 43 anos, e Salim Neto, 36, são de Rio Branco e vieram a Porto Alegre especialmente para o evento — conterrânea deles, Adriana Cabral, 35, mora na Capital desde 2014.
Salim, inclusive, estava com talas no braço e na perna esquerda e quase cancelou tudo. Uma semana antes de viajar, estava se aquecendo para uma caminhada quando caiu e sofreu luxações.
— Acho que é uma oportunidade única, porque o próprio David Coverdale sabe Deus até quando ele irá viver, né? Dificilmente vou conseguir ver de novo, então encarei poltrona apertada no avião para vir do mesmo jeito — explica ele, que chegou na segunda-feira (30) à Capital.
Já a amiga Adriana é paleontóloga e se mudou para Porto Alegre por conta de seus estudos na UFRGS. Ela aproveitou toda a sua lábia de pesquisadora para definir bem o rock:
— O rock é foda e não tem lugar, não tem geografia e nada que o limite — acredita.
Os bancários Jodele Viegas, 33, e Heber Lucena, 53, também são fãs do Whitesnake. Eles consideram que a banda possui uma "pegada mais hard" até o "rock mais farofa". Lucena, por exemplo, ouviu o grupo pela primeira vez no Rock in Rio de 1985, quando já tinha uma paixão pelo Iron Maiden:
— Esse é meu quarto show do Whitesnake, assisti eles em Lisboa recentemente também. Lembro de um show do Scorpions aqui em Porto Alegre, em 2006 (na verdade, foi em 2005), que tinha Nightwish na abertura, e as pessoas estavam mais ansiosas por eles do que pelo próprio Scorpions. O pessoal começou a ir embora e vi o Klaus Meine bem de pertinho — recorda.
Tudo em família
Algo perceptível no público do evento é que gosto pelo rock foi passado de pai para filho. Dois exemplos disso são os estudantes Lucas Lanzoni, 25, e André Cardoso, 21, que foram ao show por acreditarem que o Whitesnake é uma banda "com muito conteúdo". Os dois conheceram o estilo graças aos pais e recordam do disco que traz a faixa Looking For Love, lançado com o nome da banda em 1987.
— A gente só está esperando o Helloween passar — brincam, referindo-se ao fato de o Whitesnake ser a segunda atração da programação.
Já Juliana Carvalho, 25, estava acompanhada do pai, Valmir dos Santos Carvalho, 52, quem lhe apresentou ao Scorpions, e do namorado, Eduardo Lanius, 28, que compartilha do amor pela banda.
— Ela acorda todo dia com rock metal pesado e tomando café — entrega Eduardo sobre a namorada, que estava animada usando uma faixa com o nome da banda na testa.
— Conheço o Scorpions e o Whitesnake há mais de 30 anos. Eles estão envelhecendo, sim, mas conseguem se manter como os tops, a raiz do estilo continua firme e forte — agradece Valmir, que segue os grupos desde os 13 anos de idade.
Por outro lado, o amor pelo Helloween ainda está dando os primeiros passos para o filho de um ano e sete meses de Priscila Tavares, 33. No último show da banda em Porto Alegre, em 2017, no Pepsi on Stage, ela estava grávida de seis meses e foi ao evento do mesmo jeito.
— Eles são um símbolo de positividade e hoje meu filho ficou em casa, não tinha nem como trazer ele, né?! — pontua Priscila.
A amiga dela, Emily Schuster, 23, veio mais pelo Scorpions, grupo que estava muito atrelado à sua infância:
— Só de estar aqui, sinto uma nostalgia imensa.
Dia de rock
Os gaúchos do Cartel da Cevada fizeram o show de abertura do festival. Pontualmente às 18h25min, o Helloween subiu ao palco. Substituindo o Megadeth, que cancelou shows no Brasil em função do tratamento de Dave Mustaine, o Helloween visitou seus maiores hits na capital gaúcha, como Ride the Sky, Perfect Gentleman e Power. Ao final, balões gigantes laranjas e roxos com marcas de abóboras animaram a plateia.
Exatamente às 20h, o Whitesnake deu continuidade ao festival, com a turnê Flesh and Blood, do disco homônimo lançado em maio deste ano. Além das músicas novas, o público cantou hits como Here I go Again, Still of the Night e Love Ain’t no Stranger, além de Burn, clássico do Deep Purple imortalizado pelo vocalista David Coverdale em sua passagem pela banda. A formação do Whitesnake é completada por Reb Beach e Joel Hoekstra (guitarras), Tommy Aldridge (bateria), Michael Devin (baixo) e Michele Luppi (teclados).
O fim da noite de rock ficou a cargo do Scorpions. Rudolf Schenker (guitarra), Pawel Maciwoda (baixo), Klaus Meine (vocal), Matthias Jabs (guitarra) e Mikkey Dee (bateria) subiram ao palco por volta das 22h, relembrando sucessos de seus mais de 40 anos de carreira e milhões de álbuns vendidos, enrte eles Wind of Change, Still Loving You e Rock You Like a Hurricane.