Se Rudolf Schenker, guitarrista do grupo alemão Scorpions, demonstrar no palco metade do entusiasmo que demonstrou na entrevista concedida a GaúchaZH, por telefone, o show desta terça-feira (1) em Porto Alegre fará o Gigantinho tremer. O espetáculo Rock ao Vivo contará também com outras duas bandas de peso: a britânica Whitesnake e a alemã Helloween – a abertura do trabalhos está a cargo dos gaúchos do Cartel da Cevada.
Aos 70 anos, Schenker fundou em 1965 a banda dona de hits como Rock You Like a Hurricane e Still Loving You – ele o vocalista Klaus Meine são os remanescentes da formação que gravou o primeiro disco do Scorpions, Lonesome Crow (1972). Matthias Jabs (guitarra), Pawel Maciwoda (baixo) e Mikkey Dee (bateria) completam a linha de frente.
Confira entrevista com músico:
O que o público pode esperar e quais músicas estarão no setlist?
Rock you Like a Hurricane, Big City Nights, Still Loving You, Winds of Change, The Zoo, Coast to Coast... E o resto veremos. Estamos olhando para o Facebook para saber o que os fãs da América do Sul gostam, em vez de só tocar as nossas favoritas. Quando você já sabe tudo que vai acontecer num show não é tão empolgante. Queremos fazer vocês felizes!
Quais são as músicas que ainda o empolgam no palco?
Gosto da maioria das músicas que tocamos, The Zoo, Rock You Like a Hurricane, Still Loving You. Quando você toca uma música cem vezes e ainda gosta, sabe que ela tem algo especial. E nós incluímos a plateia nos shows, então é sempre uma experiência diferente.
Desde a célebre apresentação no Rock in Rio de 1985, o Scorpions firmou uma forte ligação com o Brasil. Os fãs brasileiros têm algum diferencial em relação aos de outros países?
Os americanos sabem tudo de rock desde 1956, com Elvis, Bill Halley, Little Richard e Chuck Berry. É uma plateia muito profissional, que curte e sabe o que esperar. Os brasileiros e sul-americanos chegaram um pouco mais tarde, são como virgens, quando você dá algo bom a eles, ficam loucos, não há limite. São muito mais espontâneos e intensos. Lembro da primeira vez que tocamos no Rock in Rio (tocarão novamente na sexta-feira). Foi uma surpresa, porque nunca tínhamos visto uma plateia assim.
O Scorpions despontou numa Alemanha ainda dividida sob o contexto da Guerra Fria. O que, além de cantar em inglês, foi determinante para o grupo romper a hegemonia de americanos e ingleses no gênero e conquistar o sucesso mundial?
Assim que começamos a tocar, percebemos que a linguagem do rock’n’roll era o inglês. A primeira coisa que fiz foi trocar o “k” pelo “c” porque em alemão escrevemos Skorpions com “k”. Eu tinha a ambição de tocar em todo o mundo e queríamos construir pontes entre países, religiões e filosofias. Queríamos mostrar que havia uma nova geração da Alemanha que não estava vindo com tanques, mas com guitarras, amor, paz e rock’n’roll, para fazer as pessoas felizes. A moral é que se você faz algo com o coração, terá sucesso.
Winds of Change se tornou símbolo de um momento histórico, o colapso da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, em 1989. Como você vê esses novos ventos que estão soprando pela Europa, 30 anos depois?
As coisas mudaram muito. Winds of Change se tornou a trilha sonora da revolução mais pacífica do planeta. Agora, depois de tanta euforia e felicidade, só vemos notícias ruins. A música é uma coisa ótima, especialmente para a nova geração que olha para o futuro sem muita esperança. Tentamos dar a eles esperança. Chamamos nossa turnê de Crazy World Tour porque há 30 anos o mundo era louco de um jeito positivo e agora está louco de um jeito negativo. Queremos dizer às pessoas: não fiquem tão loucas, acreditem em si mesmas e se unam. Diversão e energia positiva são partes muito importantes da vida.
Como é a vida de rockstar aos 70 anos?
Quando digo que tenho 70 anos, as pessoas pensam que estou contando uma piada. A música mantém você jovem, explosivo, poderoso! Não vou mais a tantas festas como quando tinha 21 ou 32 anos, mas se fico sabendo de uma festa interessante, estou lá. Esta é a vida. Não dá para se trancar: abra a cela, para fora e viva o rock’n’roll. Comecei a fazer ioga com 17 anos. Depois meditação. Sempre tento achar um equilíbrio entre a vida louca do rock e a vida meditativa, introspectiva. Depois de uma turnê, eu me recolho para reparar os danos.
Rock Ao Vivo
- Nesta terça-feira (1) no Gigantinho (Avenida Padre Cacique, 891)
- Abertura dos portões: às 17h, e não mais às 14h30min, conforme havia sido informado;
Cartel da Cevada: 17h30, e não mais às 17h, conforme havia sido informado.;
Helloween: 18h30min;
Whitesnake: 20h;
Scorpions: 21h45min; - Ingressos: pista a R$690, R$ 414 (solidário, mediante doação de um quilo de alimento não perecível) e R$ 345 meia-entrada; arquibancada a R$440, R$ 264 (solidário) e R$ 220 (meia-entrada);
- Ponto de venda: Hits Store do shopping Praia de Belas (2° andar) e bilheteria Gigantinho, ambos os locais a partir das 10h, e site uhuu.com (com taxa).