Discursos enaltecendo a literatura, música gauchesca e música paraibana, além da presença da ministra da Cultura Margareth Menezes, marcaram a cerimônia oficial de abertura da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre na noite desta sexta-feira (1°). Respeitando a tradição, o patrono deste ano, Sergio Faraco, recebeu a chave dourada de Tabajara Ruas, escritor homenageado na edição passada.
No palco do Teatro Carlos Urbim, erguido na Praça da Alfândega entre o Memorial do Rio Grande do Sul e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Faraco fez um discurso de valorização da literatura e criticou, metaforicamente, tentativas de censura aos livros e a desvalorização da cadeia literária.
Citou episódios passados da humanidade, como o incêndio da Biblioteca da Alexandria, no antigo Egito, onde os romanos queimaram milhares de papiros.
— Na contemporaneidade, não se incendeiam livros, ao menos não frequentemente. Mas fecham-se bibliotecas, fecham-se livrarias. Vê-las assim é tão desolador quanto vê-las calcinadas. No mundo atual, dispomos de representações digitais de quaisquer conteúdos, mas não tomam o lugar do livro. Precisamos de bibliotecas, tornando-as atualizadas, assim como precisamos de livrarias e feiras como essa. Que salvemos o livro para que ele nos salve — disse o escritor.
Tabajara Ruas passou a chave dourada a Faraco e saudou o conterrâneo da Fronteira Oeste. Enquanto o patrono do ano passado é natural de Uruguaiana, o deste ano vem do Alegrete.
— Faraco, sois um cavalheiro da Fronteira. Tens elegância, cultura e civilidade — disse Ruas sobre o colega.
Os músicos nativistas Neto e Ernesto Fagundes subiram ao palco para interpretar o Canto Alegretense, em homenagem ao patrono. A plateia cantou junto e bateu palmas. Antes, o músico paraibano Oliveira de Panelas cantou e tocou um repente, ritmo nordestino caracterizado pela improvisação das estrofes, criando na hora uma música em homenagem à Feira.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também esteve presente na cerimônia. Em sua fala, chamou a Feira do Livro de Porto Alegre de "a mãe de todas as feiras do Brasil", elogiou o discurso de Faraco e citou a iniciativa de criar uma curadoria para literatura negra, posto assumido por Lilian Rocha.
— Sete décadas se passaram desde que essa Feira abriu as portas pela primeira vez e consolidou-se como um patrimônio do Brasil. Estamos em um momento importante para a cultura brasileira. Quando passamos por provações como a que Porto Alegre passou durante a enchente, sabemos que o livro é o guardião das memórias pelas quais a humanidade já passou. O livro é um depositário de códigos, a maior criação da humanidade — disse.
Evento literário ocorre gratuitamente na Praça da Alfândega até o dia 20 de novembro, das 10h às 20h.