A Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, voltou a pulsar em ritmo de Feira do Livro na manhã desta sexta-feira (1º). As bancas das áreas adulta e infantil começaram a operar pontualmente às 10h, dando início à edição septuagenária do evento literário, que carrega o mérito de chegar aos 70 anos de forma ininterrupta.
O público terá até 20 de novembro para garimpar promoções e conferir lançamentos nas 72 bancas que compõem essa edição, além de encontrar ídolos literários nas sessões de autógrafos e participar dos bate-papos previstos. Ao longo dos 20 dias de evento, 314 escritores gaúchos, 74 nacionais e 13 internacionais passarão pela Praça da Alfândega.
Diariamente, até a tradicional serenata que todos os anos marca o encerramento da Feira do Livro, a programação iniciará às 10h e terminará às 20h. Já a abertura oficial ocorrerá às 18h desta sexta no Teatro Carlos Urbim, espaço montado nas proximidades do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). A cerimônia terá a participação do patrono da edição, o escritor Sérgio Faraco, e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Movimento tímido na manhã desta sexta
Nesta manhã, ainda era tímido o número de pessoas que transitavam por entre as bancas. Ainda assim, quem estava presente olhava com entusiasmo para a estrutura montada na Praça da Alfândega, há seis meses inundada pela água lamacenta da enchente de maio.
— É um alívio ver esse lugar assim de novo, depois de tudo o que aconteceu aqui e em outras regiões da cidade. A Feira do Livro é sempre um momento especial, mas neste ano, ainda mais — comentou a auxiliar administrativa Andrea Santos, 34 anos, enquanto desbravava um balaio de promoções.
Entre os livreiros o clima também era de celebração. Para além do entusiasmo que naturalmente acompanha o início de toda Feira do Livro, evento valioso para o setor livreiro local, pesa o fato de que ao menos 27 expositores foram diretamente afetados pela enchente, conforme estimativa da Câmara Rio-Grandense do Livro. Assim, voltar à Praça da Alfândega é também um alívio a quem ainda tateia a recuperação dos prejuízos.
É o caso da editora Libretos, que sofreu com o alagamento de seu depósito na Rua Voluntários da Pátria e perdeu mais de 13 mil livros — praticamente todo o estoque disponível, restando apenas cerca de 3 mil exemplares que estavam acomodados em outro local. Ainda em meio ao processo de reconstrução, a editora comemora o início de mais uma Feira do Livro.
— É uma alegria ver a nossa banca montada novamente, depois de tudo o que passamos. Apesar de todas as dificuldades, estamos chegando com 14 lançamentos, com livros que já são clássicos nossos e com muita vontade de estar perto dos leitores e superar as vendas do ano passado — afirma Marco Nedeff, 67 anos, fotógrafo e editor na Libretos. — Mais do que nunca, precisamos que o público esteja ao nosso lado, prestigiando os 70 anos desse evento que é tão importante para todos nós.