Ailton Krenak tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta sexta-feira (5), na sede da instituição, no Rio de Janeiro. O ambientalista, filósofo e escritor é o primeiro indígena a figurar no quadro de acadêmicos.
Krenak ocupará a cadeira cinco, que estava vaga desde a morte de José Murilo de Carvalho, em agosto de 2023. O escritor foi eleito com 23 votos, superando a historiadora Mary Del Priore, que obteve 12 votos, e o indígena Daniel Muduruku, que ganhou três votos.
— Espero que o Brasil inteiro, os outros brasileiros, possam entender que nós estamos virando uma página da relação da ABL com os povos originários. Eu já disse que venho para cá para trazer línguas nativas do Brasil para um ambiente que faz a expansão da lusofonia — disse Krenak antes da posse.
No discurso, ele cumprimentou a Ministra da Cultura, Margareth Menezes e destacou que "uma nação sem cultura não tem o que dizer".
Krenak nasceu em 1953, em Minas Gerais. Ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas, é ambientalista, filósofo, poeta, escritor e também doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Participou da fundação da União Nacional dos Indígenas (UNI) e comoveu o país ao discursar na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com tinta preta de jenipapo em protesto ao retrocesso dos direitos indígenas. Com a atitude, ajudou a aprovar o marco constitucional para as relações entre o Estado, a sociedade e os índios.