O servidor público Emanuel Batista, 60 anos, procurava obras clássicas em uma caixa de saldos da Feira do Livro de Porto Alegre na manhã desta quarta-feira (8). Paraense, ele dizia que percebe um problema tanto no evento da Capital quanto em um similar que ocorre em Belém.
— Lá e aqui temos a mesma dificuldade, o preço do livro afasta o leitor dos livros — observa.
Apesar da constatação, é possível encontrar algumas obras usadas por até R$ 5 em alguns balaios da Feira do Livro. O valor é praticamente o equivalente ao preço de uma passagem de ônibus em Porto Alegre (R$ 4,80).
— Procuro livros de Gabriel García Márquez, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes e Oswald de Andrade, que é um autor que não se encontra em nenhum lugar — detalha Batista.
Nesta quarta-feira, muitos alunos circulavam em grupos animados pela Praça da Alfândega. A Escola Estadual de Educação Básica Santa Rita, com sede em Nova Santa Rita, era uma das tantas presentes. Três colegas cursam o Ensino Médio da instituição e estavam visitando a Feira do Livro pela primeira vez em 2023.
— Eu prefiro mais o livro em papel para fazer coleção — explica o estudante Igor Bohn, 18 anos.
O amigo Fabrício Coelho, 18, comenta que não tem muito dinheiro para investir em livros em papel e por isso busca mais pelas obras disponíveis nos meios digitais.
— Procuro mais quadrinhos e mangás — diz Fabrício.
O terceiro colega, Kauan Lourenço, 17, também aprecia as histórias em quadrinhos.
— A sensação de pegar um livro é mais prazerosa — afirma, exercendo comparação com as obras digitais.
O casal formado pelo engenheiro mecânico Mario de Boita, 72 anos, e pela dona de casa Sirlei de Boita, 68, também visitava o evento pela primeira vez nesta edição.
— A gente dá uma passada, olha e acaba comprando alguma coisa. Como engenheiro, prefiro mais os livros técnicos — compartilha o marido.
— Eu já gosto mais de romances — acrescenta a esposa, dizendo que ambos esperam ser surpreendidos na busca pelos livros.
O presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Maximiliano Ledur, circulava pelos corredores e estava satisfeito com o que percebia.
— Estamos vendo um bom resultado desde as primeiras horas da manhã. Meu desejo é que se mantenha o horário unificado — disse, após ser questionado sobre o funcionamento de todos os setores das 10h às 20h, uma novidade desta edição.
Em relação à pandemia de covid-19, Ledur acredita que o medo das pessoas já passou, o que se atesta ao se encontrar poucos visitantes usando máscaras de proteção facial. E diz o que tem levado mais público até os livros:
— A atmosfera da Feira, todo o encantamento, pegar o autógrafo do autor. É a experiência da compra — conclui.