A calmaria e a poesia de Carlos Nejar estiveram presentes na Praça da Alfândega nesta quinta-feira (3), durante a sessão de autógrafos do escritor e patrono da 68ª Feira do Livro de Porto Alegre. Como se não houvesse pressa no mundo, ele conversou pacientemente, escreveu dedicatórias extensas, abraçou e tirou fotos com todos os que foram o prestigiar.
Sem querer deixar os seus leitores esperando, Nejar, 83 anos, já estava sentado na cadeira de sua mesa na Praça dos Autógrafos antes das 18h, horário marcado para começar o encontro dele com o público. Ele autografou quatro de suas obras: Crônicas de um Imortal ou (In)vento para Não Chorar, Senhora Nuvem, A República do Pampa e Velâmpagos, Seguido de Luminúrias, todas de 2022. Para cada presente, uma palavra de carinho, de gratidão pelo momento vivido.
— Hoje é um dia de que sou muito grato a Deus, ao Pampa e aos livreiros de Porto Alegre. Isso sem esquecer do fato do meu filho, Fabrício (Carpinejar), ter me passado o bastão de patrono. É inesquecível — disse Nejar a GZH, entre um autógrafo e outro.
João Luiz Damasceno Ferreira, 65 anos, publicitário e escritor, é fã do trabalho de Nejar e levou duas obras do autor para receber dedicatórias, dizendo-se fascinado pela forma como o autor transforma o gaúcho em poesia.
— Ele é um revolucionário. E digo mais: o Carjos Nejar só não é o melhor poeta do Rio Grande do Sul porque nós temos o Mario Quintana — cravou Ferreira.
Animada na fila para pegar o autógrafo de Nejar, a aposentada Maria José da Silveira, 65 anos, identifica-se com o patrono da Feira por também ser escritora — ela afirmou que já vendeu todas as cópias de sua primeira obra, Retalhos de Uma Vida, e espera voltar no ano que vem ao local para lançar um novo livro.
— Eu conheço toda a família do Carlos Nejar. Adoro eles. Sempre que encontro o Fabrício, ele vem me abraçar. E acho o patrono uma pessoa maravilhosa. Além de carismático, é muito talentoso — afirma.
E por falar em família, os Nejar marcaram presença pelos irmãos de Carlos, Rosa, 73 anos, e Luiz Paulo, 82. Sérgio Barcelos, 71 anos, marido de Rosa e cunhado de Carlos também estava na Feira. O trio de engenheiros aposentados fez questão de entrar na fila com os livros do patrono recém-adquiridos, ganharam dedicatórias e tiraram fotos. E aproveitaram para falar com a reportagem um pouco mais sobre o ilustre parente.
— Sabe que ele acorda de madrugada, senta na escrivaninha e vai escrevendo o livro. Parece que aquilo vai fluindo, vem na cabeça dele. Eu só levanto de noite para ir no banheiro — contou, aos risos, Luiz Paulo.
— E sempre que ele ia jogar futebol, parava no meio do jogo para escrever poesia, tinha que ser na hora. E o jogo ficava lá, parado — relembrou Rosa.
Já Sérgio mostrou que a sua nova aquisição do cunhado famoso é A República do Pampa:
— Eu gostei bastante. Fala muito do Pampa, né? E ele (Carlos) estava me dizendo ali, agora, que esse é o, de todos os livros dele, o que mais gosta.
Com o imortal da Academia Brasileira de Letras Carlos Nejar como patrono, a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre segue na Praça da Alfândega até o dia 15 de novembro.