Mundo afora, a questão racial cada vez mais entra em pauta, à medida que situações colocam o racismo estrutural na sociedade sob os holofotes.
Nos Estados Unidos, a questão ganhou força em maio, após um vídeo mostrar a brutalidade contra George Floyd, homem negro assassinado durante uma abordagem policial, que gerou uma onda de protestos e iniciativas antirracistas no país.
Por aqui, a questão veio à tona ainda no início do ano, durante o Big Brother Brasil 20, com o comportamento dos participantes contra o ator Babu Santana. Agora, o tema volta a ganhar força, após a empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, explicar, a partir da realidade de racismo estrutural, por que decidiu lançar um programa de trainee somente para negros.
GZH fez uma lista com 15 indicações de livros que geram reflexões sobre racismo. Confira a seguir:
Mulheres, Raça e Classe , de Angela Davis
Uma das obras mais importantes da autora, Mulheres, Raça e Classe desenvolve o cenário histórico e social em que a mulher negra se insere, passando pelas lutas anticapitalista e antiescravagista até os problemas atuais. O livro se tornou um clássico e é referência na área de estudo.
Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro
A obra é um convite à responsabilidade. Trazendo reflexões sobre atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos, Djamila chama à consciência aqueles que desejam se aprofundar no assunto e realmente promover mudanças.
Racismo Estrutural, de Silvio Almeida
O autor explica como o racismo vai além das injúrias raciais: está infiltrado na estrutura da sociedade, sua cultura, política e economia.
Olhares Negros: Raça e Representação, de Bell Hooks
Bell Hooks questiona, em sua coletânea de ensaios críticos, a forma como se vê a negritude e a branquitude, e como ambas são representadas no âmbito social. A escritora ainda aborda a experiência de pessoas negras na literatura, na música, na televisão e no cinema.
Memórias da Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano, de Grada Kilomba
Grada Kilomba descortina a naturalização do racismo e mostra ao leitor o sofrimento de viver na pele de quem sempre é “o outro”. Seus textos trazem uma visão psicanalítica das agressões e fala sobre políticas do corpo e cabelo, e de espaço e exclusão.
Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil, de Sueli Carneiro
A autora reúne alguns de seus melhores artigos publicados na imprensa sobre raça, gênero e as desigualdades envolvidas nos assuntos.
O Genocídio do Negro Brasileiro, de Abdias Nascimento
O livro reúne ensaios de Abdias, redigidos para o colóquio do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas, realizado em 1977, na Nigéria. O autor traz, em seus textos, de forma inteligente e extremamente didática, a desmistificação de "democracia racial", conceito até pouco tempo presente no Brasil e reconhecido como fato.
Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
Diário da vida da autora, Quarto de Despejo denuncia a miséria e o sofrimento vivido pelas populações negras faveladas, como Carolina, que mesmo em um meio difícil, tinha vocação e interesse pela leitura e pela escrita.
Sem Gentileza, de Futhi Ntshingila
A história de duas mulheres, mãe e filha, que vivem na África do Sul em pleno apartheid. O ambiente, de pobreza, medo e machismo, as obriga a lutar para serem ouvidas.
Necropolítica, de Achille Mbembe
Em tempos de violência policial contra a população negra, o livro é de extrema relevância. O ensaio do autor trata, justamente, da relação de biopoder e Estado, que decide quem deve ou não viver na sociedade. Para a análise, Mbembe lembra das estratégias de colonização dos povos africanos pelos europeus.
O Olho Mais Azul, de Toni Morrison
Primeiro romance da escritora, O Olho Mais Azul conta a história de Pecola Breedlove, uma menina negra retinta que sofre por não poder ter a pele clara e os olhos azuis de mulheres brancas. O livro convida o leitor a refletir sobre raça, gênero e classe.
O Ódio Que Você Semeia, de Angie Thomas
Trazendo um tema importante, o livro aborda de forma real a violência policial contra a população negra. Starr, menina negra, foi ensinada desde cedo a tomar cuidado na frente da polícia para não fazer movimentos bruscos. Entretanto, acaba vendo seu amigo morrer nas mãos de quem deveria proteger a população.
Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo
Em entrevista, Conceição Evaristo disse: "toda a minha escrita é profundamente marcada pela minha condição de mulher negra na sociedade brasileira". Ponciá Vicêncio não é diferente. Mostrando a trajetória de vida de uma mulher negra, o livro expõe a herança do período de escravidão do Brasil.
Quando Me Descobri Negra, de Bianca Santana
No início do livro, uma confissão da autora: "tenho 30 anos, mas sou negra há dez. Antes, era morena". A partir disso, Bianca traça a trajetória de seu processo de descoberta enquanto mulher negra e denuncia o racismo que está na estrutura das relações entre brancos e pretos, desde o alisamento do cabelo crespo até a injúria racial.
Torto Arado, de Itamar Vieira Junior
Romance que se passa na Chapada Diamantina, o livro conta a história de uma família, descendente de escravizados. As duas personagens principais são irmãs, e a partir da visão delas é possível visualizar uma vida de agricultores em regime de escravidão na fazenda onde vivem. A narrativa passa por sonhos, desejos e afetos de pessoas para quem a abolição da escravatura não chegou.