Entre as denúncias de racismo e violência policial no mundo, muito tem se falado sobre leituras que desempenhem o papel de auxílio na conscientização sobre a questão racial. A morte de George Floyd, homem negro sufocado por um policial branco enquanto estava desarmado e imobilizado, em Minneapolis (EUA), desencadeou uma série de protestos nos Estados Unidos e que se espalharam para outros países.
Desde a última semana, com o movimento #blacklivesmatter, personalidades têm cedido suas contas nas redes sociais para pessoas negras, com o propósito de amplificar suas pautas e o conhecimento da população sobre o tema. Neste momento de intenso debate sobre o assunto, GaúchaZH indica autores negros que iluminam a questão racial no país.
Djamila Ribeiro
Filósofa e feminista negra, Djamila é autora dos livros Quem Tem Medo do Feminismo Negro?, Lugar de Fala, Pequeno Manual Antirracista, e O que é Racismo Recreativo?, este escrito por Adilson José Moreira com a colaboração da filósofa, todos dedicados a explorar assuntos relacionados à discriminação racial e como ela se estrutura no Brasil e no mundo.
Conceição Evaristo
Autora de Olhos d’água, livro de contos que denuncia a miséria, a desigualdade social e a violência vividas pela população negra em favela. Conceição traz um relato que representou sua própria realidade de mulher, negra, que nasceu em uma comunidade de Minas Gerais e conseguiu terminar os estudos somente aos 25 anos, quando dividia seu tempo entre a escola e o trabalho de empregada doméstica.
Conceição estudou Letras na UFRJ e iniciou a carreira de escritora nos anos 1990, publicando em diferentes publicações coletivas. Em 2017, seu trabalho alcançou nova projeção, graças ao livro Olhos d'água, que ganhou o prêmio Jabuti na categoria contos.
Abdias Nascimento
O Genocídio do Negro Brasileiro, Processo de um Racismo Mascarado, reúne ensaios de Abdias Nascimento, redigidos para o colóquio do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas, realizado em 1977, na Nigéria. O autor traz, em seus textos, de forma inteligente e extremamente didática, a desmistificação de "democracia racial", conceito até pouco tempo presente no Brasil e reconhecido como fato.
Entre outros assuntos, Abdias aborda temas igualmente importantes em seus ensaios, como a exploração sexual da mulher africana, imagem racial internacional e, principalmente, aponta qual é a realidade racial brasileira, que se repete, do passado até hoje.
Ana Maria Gonçalves
Mesclando ficção com realidade, a autora tece, em Um Defeito de Cor, a história de Kehinde, menina negra africana que é tirada de seu país de origem para servir como escrava no Brasil. Com fatos históricos imersos no cotidiano e na vida dos personagens, a obra de 952 páginas é uma denúncia sobre o legado brasileiro de discriminação e violência contra os negros.
Ana Maria é autora também do romance Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim (2002) e uma das vozes mais atuantes a levantar questões problemáticas na relação entre negros e brancos no país.
Sueli Carneiro
Ativista e feminista negra, Sueli é personagem importante na luta contra o racismo no Brasil. Fundou, em 1988, o Geledés Instituto da Mulher Negra, instituição política que tem como objetivo erradicar a discriminação racial e o sexismo presentes na sociedade. No livro Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil, a autora reúne alguns de seus melhores artigos publicados na imprensa sobre o tema.