Praça da Alfândega vívida, corredores abarrotados, gente curiosa e transpirando, consequência do dia nublado e abafado. Este foi o retrato deste sábado (2), no primeiro fim de semana da 65ª Feira de Livro de Porto Alegre, um dos eventos mais tradicionais da capital gaúcha.
O movimento intenso do público reverberou entre expositores, que não escondiam a animação com os resultados obtidos na largada.
— A feira começou muito bem para nós. Na sexta (1º), que foi o primeiro dia, tivemos aumento de 11% nas vendas em comparação com o ano passado. O dia 2 de novembro é, tradicionalmente, o mais movimentado e também estamos tendo crescimento. Isso nos deixa otimistas — afirmou Rudimar Bernardes, gestor comercial e de marketing da Editora AGE.
No estande, os títulos mais procurados eram os de autoajuda e espiritismo.
— Nos últimos quatro anos, tivemos um desaquecimento nestes gêneros, mas neste ano eles voltaram com força. Isso me leva a crer que as pessoas estão voltando a gastar com leitura, o que é muito importante. A leitura é o caminho para o conhecimento — atestou Bernardes.
Ainda na banca da RGE, estavam entre os mais vendidos A filosofia da história sob a visão espiritual, de Bruno Godinho, e 100 vezes Gauchão, de Gustavo Manhago e Cléber Grabauska.
O otimismo também era compartilhado no espaço da editora Artes e Ofícios, cujas vendas estavam alavancadas pelas obras sobre as mitologias nórdica e africana. A vendedora Raquel Costa ainda destacou que autores gaúchos sempre alcançam bons números de comercialização, citando Jayme Caetano Braun, Neto Fagundes, Simões Lopes Neto, Moacyr Scliar e Luis Fernando Verissimo.
— Livros de psicanálise infantil também estão com boa saída. O início da feira foi bem melhor do que esperávamos, está superando ano passado. O movimento está constante — avaliou Raquel.
Uma das atrações deste sábado era a sessão de autógrafos da escritora Martha Medeiros, que estava lançando o livro O meu melhor. Centenas de pessoas serpentearam a Praça da Matriz em filas para ganhar uma dedicatória de Martha, sacar uma foto e trocar algumas palavras.
Teresinha Conceição Baptista, 70 anos, foi uma das primeiras a ter seu exemplar autografado. Para ela, o momento tinha significado especial.
Teresinha conta que, por conta de amizades familiares, acabou se criando junto com Martha. Ela, mais velha, carregava na mão uma foto de quando tinha 16 anos, junto da escritora ainda nos primeiros anos de vida.
— Para mim, é lindo demais estar aqui acompanhando — contou a sorridente senhora.
Com livros e atrações para todas as idades, a feira alegrou crianças em sessões de contação de histórias. E a estrutura de comércio garante acesso a barzinhos em que se pode sentar e relaxar, fazer um lanche, tomar um picolé ou mesmo um chopinho. Claro que lá estão os carrinhos de pipoca, doce e salgada, sabores e aromas que fazem sucesso anualmente na feira.
O evento segue até 17 de novembro, das 9h às 20h30min.