Tradicional evento porto-alegrense, a Feira do Livro chega à sua 65ª edição neste ano, realizada mais um vez no coração da cidade, na Praça da Alfândega. Entre centenas de sessões de autógrafos, oficinas, palestras e espetáculos que serão realizados entre 1º e 17 de novembro, os personagens principais do evento são os livros.
Pensando nisso, GaúchaZH convidou seus colunistas a indicar, diariamente, alguma a obra a ser descoberta por novos leitores. São seus livros de cabeceira ou itens na lista de desejos para esta Feira, obras relacionadas a esporte, política, vida cotidiana e mais.
Confira:
Sociólogo Vincenzo Susca discute cidade e cultura digital, por Filipe Gamba
Minha dica para esta edição da Feira do Livro é para jornalistas e estudantes de Jornalismo. Neste sábado (2), às 16h30min no Auditório Barbosa Lessa (no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo), o italiano Vincenzo Susca, doutor em Sociologia pela Sorbonne, diretor do Departamento de Sociologia da Universidade Montpellier III e editor da revista Cahiers Européens de L´Imaginaire, estará autografando e conversando sobre o livro As Afinidades Conectivas: para Compreender a Cultura Digital.
Estive com Susca em novembro de 2017 no Seminário Internacional de Comunicação promovido pela PUCRS e, na oportunidade, o autor já defendia que, na sociedade atual, o prazer está totalmente ligado ao entretenimento, à fuga e à distração e defende que este é o momento para utilizarmos a cultura digital a favor da própria sociedade. Em As Afinidades Conectivas, Susca avança na discussão e constata nas suas investigações que, empregando inúmeros aplicativos e plataformas digitais, os usuários vão construindo relevantes afinidades conectivas e linguagens que se articulam e tensionam com o universo da educação formal.
Publicado em 1º de novembro.
Escravidão: você tem que ler!, por Carolina Bahia
Estou lendo e recomendo para quem busca entender os problemas sociais, os preconceitos, a economia e até a política do Brasil, a obra Escravidão, do jornalista Laurentino Gomes. O livro é o primeiro volume de uma trilogia com base em uma série de ensaios e reportagens, além de pesquisa in loco, que o autor realizou ao longo de seis anos. Esse primeiro volume vai do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares.
É uma rica narrativa de momentos de terror, dor e exploração, com incríveis detalhes que surpreendem o leitor. Eu já tenho o meu, mas vou comprar outro na Feira do Livro para presentear um bom amigo! No domingo, 3 de novembro, o autor participa do painel Uma História da Escravidão no Brasil, às 16h30min, no Auditório Barbosa Lessa no CCCEV (Rua dos Andradas, 1.223), com mediação do jornalista Carlos André Moreira, seguido por sessão de autógrafos, às 17h30min, na Praça.
Publicado em 2 de novembro.
A obra para converter quem odeia futebol, por Diogo Olivier
É um livro de histórias curtas e deliciosas, tendo como fio condutor as Copas do Mundo. Imagine alguém que deteste o nobre esporte bretão: restará convertido.Galeano trancafiava-se em casa e assistia a todos os jogos de cada Mundial. Chamava o futebol de “reino da magia onde tudo acontece”. E ele ajudava a fazer acontecer, com seu texto escorreito e envolvente.
O exemplar que tenho em casa foi comprado na feira. Quando o entrevistei, em 2010, antes do Uruguai ir à semifinal após 40 anos, levei o exemplar. Papo longo, em um café da Ciudad Vieja. Ele escreveu uma dedicatória com um desenho lindo — Galeano trabalhou como ilustrador também. Leitura com prazer garantido, para quem ama ou odeia futebol.
Publicado em 4 de novembro.
Obrigada, Marô!, por Kelly Matos
Repetindo a realidade de milhares de mulheres brasileiras, minha mãe, Maria Lucia, costumava me levar para o trabalho com ela todos os dias. E sorte a minha, neste caso! Porque eu ficava dentro de uma escola esperando o dia de trabalho dela terminar. Enquanto não tinha idade para me tornar aluna (eu tinha três anos!), conheci a bibliotecária Zezé. E no mundo mágico dos livros, encontrei Tinoca Minhoca: o livro da minha Feira.
Tinoca era moderna, alegre, não se conformava em fazer sempre as mesmas coisas. Acho que me identifiquei. Eu andava para lá e para cá com aquele livro embaixo do braço. Me emocionei neste ano quando soube que a autora, Marô Barbieri, havia sido escolhida a patrona da Feira. Corri e mandei uma mensagem para mamãe, que respondeu de pronto: “Tinoca! Tu amava”.
Obrigada, Marô. Minha homenagem a quem desperta em uma criança o delicioso hábito da leitura. Na quarta-feira (6), Tinoca Minhoca será interpretado pela Caravana da Sherazade, às 15h30min, na Tenda das Mil e Uma Histórias, na Praça da Alfândega.
Publicado em 5 de novembro.
Testemunho em primeira pessoa das agruras da guerra no mundo, por Humberto Trezzi
Sugiro a apreciação do fascinante relato de um dos mais completos correspondentes de guerra brasileiros. Da Ossétia ao Iraque, do Líbano à Líbia, Lourival Sant’Anna é o guia neste passeio pelas agruras de uma humanidade que teima em ser cada vez menos humanista.
O livro se chama Minha Guerra Contra o Medo: O que o Risco de Morte Ensina sobre a Vida. Produção independente do autor. Recomendo.
Publicado em 6 de novembro.
Existe melhor escolha do que a próxima história?, por Tulio Milman
Meu livro se chama Lúlek, escrito por Meir Lau — a história de um menino que saiu do campo de concentração para se tornar o grão-rabino de Israel. Ganhei há alguns anos, em um momento difícil da vida. E nunca li.
Vira e mexe deparo com ele. Pego na mão, inspeciono. Colo na lista de desejos: um dia, vou ler. Tem mais de 500 páginas. Mas vou... O livro que eu ainda não li. Existe melhor escolha do que a próxima história?
Publicado em 7 de novembro.
Crônicas para passear por Paris, por Rosane de Oliveira
Como estava fora da cidade em setembro, no lançamento de A Porta do Chapéu, Crônicas em Paris, terei uma segunda chance na Feira do Livro. A sessão de autógrafos do médico e escritor Celso Gutfreind será no domingo (10), às 18h30min. Por conhecer o talento do autor, quero degustar as crônicas de sua vida parisiense com a certeza de que será como passear pela capital francesa em qualquer estação do ano, ciceroneada por um homem capaz de transformar o banal em extraordinário, a sombra em luz, o cotidiano em poesia. No mesmo dia e horário ele também autografa o livro infantil A Viagem da Bruxa.
Publicado em 8 de novembro.
Quando o poder ataca a imprensa, por Rodrigo Lopes
Chefe dos correspondentes da rede CNN na Casa Branca, Jim Acosta é o repórter que foi xingado por Donald Trump durante entrevista coletiva. Mesmo quando tentaram afastá-lo do microfone para evitar que fizesse perguntas difíceis, diretas e necessárias, o jornalista seguiu questionando o presidente. No livro O Inimigo do Povo, ele conta os bastidores da relação tumultuada entre Trump e a imprensa – o título é uma referência à maneira como o presidente chama os veículos de comunicação críticos a seu governo, desconhecendo o verdadeiro papel da imprensa como fiscal do poder ao lado da sociedade. A obra de Jim já saiu em vários idiomas e, recentemente, em português pela editora Harper Collins. Está na minha lista para a Feira.
Publicado em 11 de novembro.
As contradições da escritora mais misteriosa do momento, por Marta Sfredo
Da Feira do Livro de 2018, depois de devorar os quatro livros em série de Elena Ferrante e outros três livros da escritora misteriosa, ganhei um presente valioso: Frantumaglia.
O título é uma palavra do “léxico familiar” — para lembrar outra escritora italiana, Natalia Ginzburg — da autora/personagem que se refere a contradições internas dilacerantes. Permite espiar mais de perto a origem da tetralogia que, além de romance, é um ensaio socioeconômico das últimas décadas.
Publicado em 12 de novembro.
Um livro para calibrar as emoções, por Giane Guerra
Com dois filhos, de seis e quatro anos, estamos em fase de trabalhar sentimentos e calibrar emoções. Tarefa desafiante para pais que, afinal, ainda estão aprendendo a lidar com as suas próprias. Há pouco, as crianças ganharam de presente o livro A Parte que Falta, do autor norte-americano Shel Silverstein. Na sua simplicidade, um círculo busca uma forma que o complete, achando que só assim será feliz. A obra ajuda os pequenos a entenderem de forma mais simples a complexidade do mundo dos grandes. Mas também ajuda adultos a enxergarem a complexidade que existe no raciocínio infantil.
Nesta Feira do Livro, quero comprar outras obras de Silverstein, como A Parte que Falta encontra o Grande O e A Árvore Generosa. Já lemos na biblioteca, mas livros nunca são lidos apenas uma vez para crianças pequenas. Há magia na repetição das histórias.
Publicado em 13 de novembro.
Uma reflexão franca e dolorida sobre a vida, por Flávia Requião
De 1954, Memórias de um Suicida nunca pareceu tão atual em tempos em que o suicídio destroça lares. Descortina a vida que não cessa. A autora atribui as narrações feitas na obra a um escritor português que atende pelo pseudônimo de Camilo Cândido Botelho.
Com riqueza de detalhes, traz a visão desse espírito que se descobriu vivo, mesmo após se matar. Provoca uma reflexão franca e dolorida de como aproveitamos nossa existência e de como seria se despertássemos para o tempo perdido e os desregramentos a que nos entregamos. Livro forte, mas necessário.
Publicado em 14 de novembro.
Mandela, um jogo e a união de um país, por Eduardo Gabardo
Gosto muito da história de Nelson Mandela, e sempre procuro alguma coisa sobre ele na Feira do Livro. Este eu li em 2010, antes de embarcar para a cobertura da Copa do Mundo da África do Sul.
Fiquei muito impressionado com a capacidade de diálogo de Mandela para unir um país dividido pelo Apartheid, e como ele usou a Copa do Mundo de rúgbi de 1995, que foi disputada lá, com o slogan “um time, um país”.
Publicado em 15 de novembro
Onde é sempre dia de Feira do Livro, um livro para brinca, por Jocimar Farina
A Feira do Livro não ocorre só em novembro para nós. Qualquer loja ou até mesmo uma biblioteca viram atração dos dois pequenos apreciadores que temos lá em casa, um menino de quatro anos e uma menina de seis. Um simples passeio em um shopping ou em uma praça onde há exemplares já basta para que o lugar seja classificado como "feira do livro". Na nossa estante, após esta Feira que se encerra neste domingo, estará o Pitocando - Um Livro para Brincar. Porque a ideia é sempre poder ler, aprender, inventar e brincar, como é a proposta das autorias Cláudia Braga e da Nise Franklin. Elas participam de uma sessão de autógrafos na Praça da Alfândega, no domingo (17), às 17h30min.