A 65ª Feira do Livro de Porto Alegre já tem seu novo símbolo. E, pela quarta vez consecutiva, é uma mulher. Na manhã desta quarta-feira (16), a Câmara Rio-Grandense do Livro anunciou a escritora Marô Barbieri como a nova patrona do evento.
O anúncio foi feito durante a coletiva de apresentação da Feira do Livro, realizada no espaço Fábrica do Futuro, no Quarto Distrito, pela patrona anterior, a poeta Maria Carpi. Em uma mudança significativa nos procedimentos de escolha, o novo patrono não foi eleito dentre uma lista de finalistas, processo que vinha sendo realizado há duas décadas.
Neste ano, a Câmara e o colegiado escolheram diretamente um homenageado, sem lista prévia. O motivo, de acordo com o presidente da entidade, Isatir Bottin Filho, foi o progressivo desinteresse dos associados da entidade em participar das eleições — uma consulta prévia foi realizada neste ano, mas apenas 30 entre 141 associados responderam.
Maria Eunice Garrido Barbieri, conhecida como Marô, é uma professora e escritora com longa trajetória na literatura para crianças e jovens. Nascida em Bento Gonçalves, em 1944, já publicou dezenas de livros desde 1989, quando estreou com Minda Zoológica. Entre suas obras encontram-se títulos como o Rapto do Líquido Mágico (1990), Zica: A Formiga-Bruxa (1996) e a Bolinha que Não Rolava (2002). Seu livro mais conhecido, entretanto, é Tinoca Minhoca, publicado originalmente em 1991 e várias vezes reeditado.
Para ela, a responsabilidade é um indício do reconhecimento da literatura infantil junto ao leitores:
— Agora, parece que a literatura infantil está começando a se mostrar para todos os públicos como uma literatura de qualidade. O que estamos fazendo na literatura para jovens é apurar, cada vez mais, a qualidade do nosso texto, trabalhar sempre com a linguagem poética, de modo a mostrar para nossos leitores o que de melhor existe. A literatura é a arte da palavra. Nós temos que fazê-la com arte — declarou Marô.
É a quarta vez consecutiva que o maior evento literário da Capital tem uma mulher como patrona. A sequência iniciou em 2016 com Cíntia Moscovich, seguindo-se com Valeska de Assis em 2017 e Maria Carpi em 2018. Marô é a oitava mulher a ocupar o posto da Feira do Livro.
A 65ª edição da Feira do Livro ocorre entre 1º e 17 de novembro na Praça da Alfândega.
TRÊS OBRAS PARA CONHECER A PATRONA
Tinoca Minhoca (1991)
Livro mais popular de Marô, continuamente indicado em leituras escolares. Narra a saga da minhoca Cristina que, cansada de cavar buracos na beira da praia, resolve assumir uma nova identidade, Tinoca, e fazer coisas diferentes, inclusive tentar o surfe. Com ilustrações de Luís Felipe Barbieri.
Pestiloide e o Sumiço da Chuva (2003)
A bruxa Pestiloide tem um plano para erradicar a chuva de uma vez por todas e matar de sede as plantas e os animais. Conto que une fantasia e ecologia e foi escolhido o Livro Infantil do Ano no prêmio da Associação Gaúcha de Escritores de 2004. Com ilustrações de Marilia Pirillo.
A Princesa Que Não Sabia Chorar (2007)
Um princesa sereia assume o trono e tenta melhorar a vida dos súditos, mas se afeta pelo fato de não conseguir chorar com seus problemas. História para ajudar as crianças a lidarem com sentimentos, teve edição bilíngue português/francês lançada no Salão do Livro em Paris.