O quadro furtado do Bar Ocidente, em Porto Alegre, foi devolvido na tarde desta quinta-feira (23). A obra do artista gaúcho Mário Röhnelt (1950-2018) havia sido levada do estabelecimento por um casal durante a festa Blow Up, na madrugada do último domingo (18).
O proprietário do Ocidente, Fiapo Barth, chegou a registrar boletim de ocorrência, mas não levou as imagens da câmera à polícia. Em nota publicada nas redes sociais, o bar pediu que os ladrões devolvessem o quadro e, assim, "seguissem suas vidas sem constrangimentos".
"Aguardaremos uma semana para entregar as imagens para a polícia e divulgar publicamente seus rostos", alertava o texto.
— O cara (um dos autores do furto) ligou. Estava envergonhado, arrependido e amedrontado — descreve Fiapo. — Eu não estava. Entregou para um funcionário.
Como foi o furto
Fiapo conta que saiu do escritório às 4h30min, na madrugada do último domingo, e estava prestes a encerrar as operações quando percebeu que o quadro não estava na parede. Com tamanho estimado de 40cmx40cm, a obra costuma ficar no segundo andar do prédio, ao lado do balcão de drinques.
Ao observar as imagens das câmeras, Fiapo viu a ação do casal, que ocorreu por volta das 4h:
— A mulher tira o quadro da parede, e eles vão em direção à escada. A câmera da porta mostra a saída deles: o cara com o quadro enrolado no casaco, mas a ponta da moldura é plenamente visível. A menina fica conversando com o segurança para distraí-lo, e o rapaz passa por trás — relata.
Fiapo estima ter adquirido o quadro há pelo menos 10 anos e o ter pendurado no bar há cinco. As paredes do Ocidente contêm obras de Röhnelt e Milton Kurtz (1951 - 1996), que se entrelaçam com a identidade do bar.
Aliás, os dois artistas trabalhavam juntos e tinham linguagens próximas. Fiapo conserva um carinho por ambos, que foram frequentadores do bar.
— É a estética em que o Ocidente se criou. Ambos foram clientes assíduos do bar nos primeiros anos — atesta o proprietário. — O quadro tem um valor comercial razoável, porém o valor afetivo é maior. A casa sempre se identificou com essas obras.