Há dois anos, o Rio Grande do Sul se despedia do artista plástico Gelson Radaelli. Ele, que faleceu em 28 de novembro de 2020, aos 60 anos, agora ganha uma homenagem à sua obra, que segue sendo referência para os gaúchos — e também nacionalmente. Será inaugurada às 10h deste sábado (3) a exposição Próxima Pintura, Pintura Próxima, reunindo trabalhos de um grupo de 15 pintores e também obras do próprio homenageado, em dois locais de Porto Alegre. O período de visitação vai até 5 de fevereiro de 2023 (veja detalhes ao final do texto).
Promovida pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), e pela Associação dos Amigos do MACRS, a mostra coletiva ocupa as galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger, do MACRS, no sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). Já a outra parte, exclusivamente com obras de Radaelli, é apresentada no espaço que o artista usava como depósito, no edifício Paraguay, na Av. Salgado Filho. Ambos os espaços ficam no Centro Histórico da Capital.
Sob curadoria de Eduardo Veras e Felipe Caldas, professores do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, Próxima Pintura, Pintura Próxima busca ser uma celebração da pintura em si, combinando gerações e obras do acervo do MACRS, do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e de coleções de artistas — incluindo aí trabalhos inéditos, alguns deles concebidos especialmente para a ocasião.
O título da mostra faz alusão a uma exposição que vinha sendo idealizada por Radaelli, Marilice Corona e René Ruduit, companheiros de geração, mas que não chegou a ser efetivada devido ao falecimento precoce do artista. A mostra seria uma continuidade de Sobre Tela (2001) e Pintura: Modos de Usar (2013), que reuniram obras de Adriano Rojas, Claudia Barbisan, Eduardo Haesbaert, Frantz, Gerson Reichert, Ricardo André Frantz e Richard John, entre outros.
A exposição que começava a se esboçar agora se torna uma homenagem a Radaelli, contando com os trabalhos dos artistas que já haviam participado das outras duas mostras e agregando novos nomes, como Andressa Pacheco, Marcelo Bordignon, Mariana Riera e Pamela Zorn Vianna.
— Além dos nomes próximos ao Gelson, contemporâneos, quisemos colocar junto uma próxima geração, que reconhece na anterior uma referência. A ideia é pensar também que há uma próxima turma. E, ao mesmo tempo, quisemos lidar com a ideia do que ainda está por fazer, o que não está realizado, com algumas coisas ainda inacabadas, promessas para o futuro — explica Veras.
Para Adriana Boff, diretora do MACRS, a instituição tem a missão de promover, pesquisar e incentivar o pensamento e a produção contemporânea em artes visuais e, por isso, esta exposição em homenagem a Radaelli cumpre dois papéis importantes para o museu:
— Revisita a produção artística de pintura e também fomenta uma nova geração, dando visibilidade à produção jovem, neste contexto de homenagem a um pintor que é referência não só pela sua arte mas também pelo seu compromisso com a criação e pelo espírito agregador.
Resgate
Na Casa de Cultura, a exposição conta, em média, com duas obras de cada um dos 15 pintores participantes. Já no espaço dedicado exclusivamente ao artista nascido em Nova Bréscia, serão 17 pinturas suas, além de 22 esculturas, em um local que funcionou como segunda sede do Margs, na década de 1970. Porém, após a instituição ir para a Praça da Alfândega, o prédio da Salgado Filho ficou mais de 40 anos sem ser usado como espaço expositivo, realidade que está mudando agora.
No local, que está sendo chamado de Espaço Radaelli, porém, as visitações serão mais restritas. Além do dia da abertura da exposição, neste sábado, a sala com as pinturas do artista receberá visitantes apenas nas quintas-feiras, das 15h às 19h, mediante agendamento prévio pelo link. Já na Casa de Cultura, está aberta diariamente, das 10h às 18h.
— Essa mostra homenageia o Radaelli como uma pessoa muito benquista pelos seus pares. E ele, aqui no Estado, ficou marcado por estar dentro de uma tradição expressionista. Quando eu e o Felipe pensamos em chamar esses artistas mais jovens, como a Andressa, o Bordignon e a Pamela, ouvimos deles que o Radaelli era uma grande referência, algo que me surpreendeu positivamente, ver que ele bateu nessa nova geração— conta Veras.
De acordo com o curador de Próxima Pintura, Pintura Próxima, ter uma mostra como esta sendo oferecida de forma gratuita é uma vitória, pois exposições dedicadas inteiramente à pintura contemporânea, em sua visão, são algo muito pontual em Porto Alegre:
— É uma exposição que convida a pensar o estatuto da pintura, o que é a pintura hoje. A morte da pintura foi tantas vezes anunciada desde o século 19 e, no entanto, seguimos fazendo pintura, renovando, trazendo questões novas, explorando coisas e formatos que não se tinha pensado talvez ainda, não dessa forma.
Próxima Pintura, Pintura Próxima – Uma homenagem a Gelson Radaelli
- Abertura neste sábado (3), às 10h, no MACRS (Galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger) na Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736, sexto andar), e às 12h no Espaço Radaelli (Av. Salgado Filho, 233), ambos em Porto Alegre.
- Visitação: no MACRS, diariamente, das 10h às 18h; no Espaço Radaelli, às quintas-feiras, das 15h às 19h, mediante agendamento prévio pelo link. Até 5 de fevereiro de 2023.