Bienal negra chega a mais espaços
Depois da 11ª Bienal do Mercosul dar destaque à produção de artistas negros em sua última edição, Porto Alegre recebe uma nova iniciativa que promove a inserção de artista negros no circuito de artes visuais – ecoando um movimento de escala nacional e internacional. Cinco espaços culturais sediam atualmente a 1ª Bienal Black Brazil Art, que também está presente em Florianópolis. Segundo a curadora, a museóloga gaúcha Patrícia Brito, 620 trabalhos foram enviados em resposta à chamada nacional feita pelo evento neste ano, dos quais foram selecionadas 322 obras de 164 artistas.
– A bienal nasceu com o objetivo de reunir o processo criativo de mulheres negras e não negras, mas homens que trabalhassem nessa temática também foram bem-vindos – diz Patrícia.
Os trabalhos dialogam com o tema Mulheres (in)Visíveis e estão distribuídos conforme a vocação dos espaços, incluindo pinturas, fotografias, vídeos e instalações que abordam questões de raça, exclusão e pertencimento.
– Embora o Brasil seja amplamente comemorado como um país da diversidade cultural, as narrativas dominantes reduziram a experiência da arte negra brasileira a uma arte ocasional. Esses artistas questionam isso, expondo traços históricos profundos da presença negra na diversidade artística brasileira – reflete a curadora.
Em janeiro, dois novos espaços se juntam à Bienal em Porto Alegre (confira abaixo). A agenda também conta com debates, intervenções e performances.
1ª Bienal Black Brazil Art
- Em Porto Alegre, de 5 de novembro a 7 de fevereiro.
- Em Florianópolis (SC), de 8 de novembro a 14 de dezembro.
- Locais: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (até sexta-feira, 29/11/19), Memorial do RS (até 20/1), Fotogaleria Virgílio Calegari CCMQ (até 12/1), Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa (até 20/1), Museu Júlio de Castilhos (até 20/1).
- Próximas exposições em Porto Alegre: Museu da UFRGS (10/1 a 7/2) e Aberto Caminho de Artes (7/12 a 31/1).
- Entrada franca.
- Atividades paralelas nesta semana: sexta-feira, às 18h, mesa Artistas (em) Conversação – Mulheres Negras nas Artes (a arte negra é apenas para o público negro?), no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa; no sábado, às 14h, performance Meje Ewe, por Catarina Brum (BA) no Museu Júlio de Castilhos.
- Programação completa: disponível no link bit.ly/bienalblack.
Porto Alegre antiga vem à tona
Peças encontradas durante as obras de construção do Pop Center, em 2007, poderão ser vistas no local. São itens como a figura em porcelana (foto acima), encontrados na Praça Rui Barbosa, um ponto autorizado de descarte na orla do Guaíba no século 19. Hoje, as peças integram o acervo do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo e foram levadas ao Pop Center por Rochelle Costi, que participa do programa de residência artística do centro comercial, com curadoria do francês Franck Marlot. Com o projeto Ex-Passado, Rochelle fará reproduções das peças antigas, relacionando-as aos produtos vendidos hoje. A mostra será aberta nesta sexta-feira (29/11), às 11h, na passarela de eventos do Pop Center (Rua Voluntários da Pátria, 220), e poderá ser visitada até 31/12.
Revisão histórica
A Pinacoteca Ruben Berta (Rua Duque de Caxias, 973) inaugura neste sábado (30/11), às 17h, a exposição O que Resta Após. A mostra é organizada pelos 25 estudantes do curso de Especialização em Práticas Curatoriais, do Instituto de Artes da UFRGS, orientados pela professora Ana Albani de Carvalho. O objetivo foi colocar obras históricas do acervo da pinacoteca, como a A Mulata de Di Cavalcanti, em diálogo com trabalhos de outros acervos, inclusive de artistas contemporâneos, como Leandro Machado e Xadalu, promovendo uma revisão da história da arte. A visitação vai do dia 30/11 até 13/3.
Arte e memória em discussão
O Centro Cultural da UFRGS recebe nesta semana o Colóquio Internacional Apagamentos da Memória na Arte, fruto de um acordo da UFRGS com a universidade Picardia Jules Verne, na França, através de seus programas de pós-graduação em Artes Visuais e em História da Arte.
Entre os convidados, está a curadora e historiadora da arte francesa Androula Michael, que abre o evento ao lado da pesquisadora Mônica Zielinsky nesta quinta-feira, às 14h30min, e depois, às 15h, participa do bate-papo O Artista Enquanto Historiador da Arte: Estratégias contra os Apagamentos da Memória. A lista ainda inclui Joaquín Barriendos Rodriguez (UNAM México), Angelika Ramdow (Arsenal de Berlim), Sébastien Denis (UPJV, França), Luiz Cláudio da Costa (UERJ, Brasil) e Rosângela Rennó (RJ). No sábado, às 11h, será aberta a exposição da artista suíço-haitiana Sasha Huber com a mostra de vídeos integrada à temática do colóquio, Nomear para Lembrar, na Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943).
As atividades do colóquio são gratuitas e ocorrem de quinta a sábado, entre 14h e 21h50min, no Auditório Ipê do Centro Cultural da UFRGS, que fica no campus central da UFRGS (Rua Eng. Luiz Englert, 333). Inscrições devem ser feitas pelo site ufrgs.br/difusaocultural.
Cosmovisões, por Carla Barth
A artista gaúcha Carla Barth tem pinturas espalhadas por diversos espaços de Porto Alegre. A exposição individual De Onde Vim, atualmente em cartaz na Casa Musgo, é uma oportunidade para ver um conjunto de trabalhos reunidos sob a mesma temática pela primeira vez. A artista se apropriou de referências de diferentes povos, como os esquimós e os celtas, para criar aquarelas, gravuras e desenhos.
– Eu tenho pesquisado resquícios de tradições ligadas à terra, cultos à fertilidade e festas/rituais pré-cristãos; porém, os trabalhos são compostos muito mais pelo meu imaginário acerca dessas referências do que nas supostas realidades – explica Carla.
A mostra pode ser visitada gratuitamente, de quarta a sexta, das 14h às 18h, e sábados e domingos, das 10h às 18h, na Rua Venâncio Aires, 860. Até 15 de dezembro.