Por Pedro Haase Filho, interino
Em pleno ano 19 do século 21, ainda vemos muitos céticos e adeptos de teorias da conspiração quanto a estudos científicos e avanços tecnológicos alcançados ao longo dos tempos. Encontramos, por exemplo, gente que classifica como ideológicos os alertas de que o planeta Terra passa por um processo de aquecimento global que poderá ter consequências funestas no futuro que se aproxima.
Da mesma forma, existe também um número considerável de pessoas que não acredita ter o homem chegado à Lua, em julho de 1969, com o pouso da nave americana Apollo 11 no satélite natural e a caminhada de Neil Armstrong em solo lunar, acontecimento considerado uma conquista da humanidade. Antes, porém, outro feito espacial também foi alvo de desconfianças, como veremos a seguir.
Em janeiro de 1959, um projeto desenvolvido pela então União Soviética, em plena disputa espacial, durante a Guerra Fria com os Estados Unidos, foi fundamental para que, 10 anos depois, um homem pudesse pisar na superfície lunar. Há 60 anos, os soviéticos lançaram um foguete ao espaço, levando um satélite de apenas 1,2 metro de diâmetro em direção à Lua, mostrando ao mundo a possibilidade de uma nave atravessar o espaço e percorrer os 384,4 mil quilômetros que a separam da Terra. Foi o primeiro objeto espacial a conseguir escapar da gravidade terrestre.
A sonda se chamava Luna 1 e estava programada para se chocar contra a superfície da Lua. Apesar do sucesso do lançamento, o satélite soviético não alcançou seu objetivo final. Uma falha no sistema de propulsão do foguete fez com que a sonda passasse a 6 mil quilômetros da Lua e não conseguisse atingir a sua superfície. Até hoje, a Luna 1, que os soviéticos também chamavam de Mechta (Sonho em russo), continua em órbita ao redor do sol.
Pois assim como nos dias atuais, também à época os céticos se manifestaram. Na imprensa americana, reportagens questionaram o feito. Um articulista da revista True, Lloyd Mallan, escreveu um artigo sob o título The Big Red Lie (A Grande Mentira Vermelha), no qual afirmava taxativamente que toda a história sobre a Luna 1 tinha sido inventada pelos soviéticos e que o poder nuclear russo era uma ficção.
O artigo repercutiu tanto que foi formada uma comissão especial no Congresso dos Estados Unidos para tratar do assunto. Depois de ouvirem especialistas das áreas espacial e nuclear, os congressistas chegaram à conclusão de que o articulista não tinha qualquer razão em suas afirmações.