Por Pedro Haase Filho, interino
Ao longo do veraneio de 2019, algumas centenas de milhares de gaúchos atravessarão os rios Mampituba ou Pelotas, ou os limites da Serra, dependendo por onde entrarem, para curtir o cobiçado litoral de Santa Catarina, repleto de lindas praias.
A estimativa de que a gauchada continuará a invadir o Estado vizinho também neste verão, que recém começa, baseia-se nos dados que mostram a movimentação de turistas em terras catarinenses entre janeiro e março do ano passado, quando quase 2,5 milhões de turistas circularam por lá, em especial ao longo da faixa litorânea, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Desse total, conforme pesquisa da Fecomércio SC, cerca de 29% eram de estrangeiros (argentinos em sua absoluta maioria). Entre os turistas brasileiros, o mesmo estudo revela que pelo menos 30% se constituíam de visitantes gaúchos. A expectativa é de que essa verdadeira migração se repita, ou até aumente, em 2019.
O fenômeno migratório sazonal, no entanto, é relativamente recente, se formos medi-lo pelo tempo da História. A onda de passar as férias de verão em praias além da divisa estadual começou a se formar de maneira expressiva, numericamente, a partir dos anos 1990. Antes, o território litorâneo catarinense era quase inexplorado, privativo à população local ou a alguns poucos jovens aventureiros gaúchos e paulistas, com especial destaque aos adeptos do surfe.
A Florianópolis do verão nos anos 1970, por exemplo, pouco lembra a verdadeira metrópole em que se transforma durante os meses de veraneio, quando chega a triplicar de população nos picos da temporada e pula de seus atuais 490 mil habitantes para mais de 1,5 milhão de pessoas, que circulam, majoritariamente, nos limites da ilha de Santa Catarina e de suas 42 praias.
Há 45 anos, Floripa ainda tinha ares de uma cidade pacata, com cerca de 150 mil habitantes, segundo o IBGE, onde milhares de pescadores tiravam o sustento do mar, os moradores usufruíam calmamente as delícias praianas e uns poucos turistas aproveitavam a tranquilidade de acampar à beira da praia. De lá para cá, muito mudou.
Nos anos 2000, a efervescência do verão florianopolitano pegou fama e atravessou fronteiras, sendo um dos cinco destinos mais procurados do país nesta época por turistas nacionais, estrangeiros e... migrantes gaúchos. Mas quem conheceu o litoral catarinense naqueles tempos das fotos garante que sente saudade!