Mesmo sendo a preservação da memória uma das principais preocupações e motivação primeira desta página, às vezes é preciso reconhecer que determinadas construções têm um prazo de validade, como, aliás, muitas outras coisas.
O Ginásio da Brigada Militar parece ser uma delas. Aqui mesmo, neste Almanaque, já registrei que, embora ele tenha sido palco de importantes eventos na vida da cidade, a pobreza arquitetônica de seu projeto em nada acrescenta, visualmente falando, à paisagem urbana da Capital. É claro que se deve considerar o esforço empenhado na sua construção, que levou 94 dias para ficar pronta.
O ginásio foi erguido às pressas para ser um dos locais onde se desenvolveram as competições dos Jogos Universitários de 1963, realizados em Porto Alegre, pela primeira vez no Hemisfério Sul, entre 30 de agosto e 8 de setembro daquele ano. A cerimônia de abertura foi no finado Estádio Olímpico, e não seria esse o motivo principal para que se cogitasse preservar o Monumental, cuja desativação deixou tantos torcedores (como eu) nostálgicos das inúmeras emoções lá vividas. A propósito, talvez devêssemos lembrar que o Estádio de Wembley foi o antigo estádio nacional inglês, inaugurado em 1923 e demolido em 2003 para dar lugar a um maior e mais moderno.
As finais da Copa da Inglaterra foram disputadas lá até o ano de 2000, e ele abrigava também as finais da Liga Amadora e da Copa da Liga Inglesa. Como sede da Seleção Inglesa, sediou a final da Copa do Mundo de 1966, quando a Inglaterra venceu a Alemanha por 4 a 2. Chegou a ser considerado o maior estádio de futebol de todos os tempos. Para a Universíade de 1963, foi construída, também, uma vila olímpica, hoje um bairro da cidade, com dezenas de prédios e mais de 450 apartamentos. Por volta de 700 atletas de 27 países participaram do evento.
A cerimônia de abertura ocorreu no Estádio Olímpico do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e contou com um coral composto por 6 mil vozes, que iniciou com o hino oficial, Gaudeamus Igitur. Houve o desfile das nações participantes, e o campeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva acendeu a pira simbólica sob uma salva de 32 tiros de canhão.
É justa a preocupação de que o valor auferido com a venda do terreno seja empregado, pelo menos em parte, na construção de um prédio que possa substituir o velho e anacrônico Ginásio da Brigada Militar. Nossa expectativa é de que o novo projeto possa ser motivo de orgulho para a nossa tão depreciada e querida cidade.
Colaborou Jorge Silva