A potência e a sonoridade da música negra brasileira é amplificada na voz de Glau Barros. Dona de uma trajetória consagrada na cena cultural do Estado, a multiartista gaúcha apresenta nesta quarta-feira (26) e quinta-feira (27) dois espetáculos gratuitos na Capital.
No show desta quarta-feira, às 18h30min, ela resgata o repertório do disco Afro-Sambas, de Baden Powell e Vinicius de Moraes. Integrando a programação do Sarau do Solar, o espetáculo ocorre na Sala José Lewgoy do Solar da Câmara na Assembleia Legislativa do RS (Rua Duque de Caxias, 968).
Lançado em 1966, o álbum de Baden e Vinicius é considerado uma obra de destaque na música popular brasileira. Nele, as canções são guiadas pelos ritmos do candomblé e da música afro-baiana. E nesse ponto o disco encontra as produções de Glau. Para o show, ela traz outras composições que dialogam com o repertório. Uma celebração à música africana, ao culto aos orixás e à cultura afro-diaspórica.
Para acompanhar a apresentação, basta doar dois quilos de alimentos não perecíveis na entrada do local.
Gerações
Ainda em tom de homenagem ao trabalho de grandes nomes da música brasileira, Glau apresenta na quinta-feira os cantos de trabalho de Clementina de Jesus. Ela subirá ao palco do Teatro Sinduscon-RS (Av. Augusto Meyer, 146) às 20h. Cantos de trabalho são canções negras tradicionais transmitidas de geração em geração. Algumas dessas obras foram eternizadas na voz de Clementina.
A apresentação também conta com outras músicas que a sambista gravou, ao longo de sua carreira. O show é parte do projeto Construção Cultural, que convida artistas gaúchos para interpretarem nomes de referência do samba.
Disco de Indígenas de Canela e Nonoai
A conexão com a natureza é uma característica fundamental da cultura indígena. E esse aspecto aparece como um direcionador do álbum musical e visual Goj tej e goj ror, as Águas São Nossas Irmãs. Com 19 canções inéditas, o disco é produzido por indígenas de Canela e Nonoai, e traz em suas letras a cosmologia Kaingang. Desenvolvido a partir do encontro entre diferentes gerações, a obra utiliza os sons das águas como inspiração.
A obra será lançada nesta quarta-feira, às 19h, na Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1.085). Participam os músicos Gomercindo Salvador, Mizael Jetanh Salvador, Maurício Vēn Tánh Salvador e Zoraide Pinto. Também ocorrerá um bate-papo com a presença da líder indígena Iracema Gah Teh (foto) e de Pedro Pó Mág Garcia. Entrada franca.
Canto Lírico
Projeto de aperfeiçoamento na área do canto lírico, o Ópera Estúdio apresenta nesta quarta-feira duas sessões de um recital da série Vozes do Ópera Estúdio 2023.
A primeira, que ocorre às 15h, será fechada para estudantes. Às 19h, o grupo de cantores volta ao palco do Teatro Oficina Olga Reverbel, no Multipalco Eva Sopher (Praça Mal. Deodoro, s/nº), para um espetáculo para todos os públicos. Entrada mediante doação de dois quilos de alimentos não perecíveis.
Memórias negras de Porto Alegre
Pesquisadores e entidades do movimento negro de Porto Alegre se mobilizaram para catalogar as referências históricas da comunidade. É o projeto Memórias Negras em Verbetes, que lançará o seu site nesta quarta-feira. No endereço Memórias Negras em Verbetes, será possível consultar o inventário de personagens e lugares. O evento de lançamento será às 19h no Memorial do RS (Rua Sete de Setembro, 1.020), com entrada franca. Na ocasião, além da apresentação do portal, ocorrerá um bate-papo com os historiadores Pedro Vargas e Jane Mattos.
A iniciativa conta ainda com um podcast que leva o mesmo nome do projeto. Serão cinco episódios, com três deles já disponíveis nas plataformas digitais.