Aeroporto: Área Restrita e Operação Fronteira Brasil, reality shows do Discovery focados no trabalho de órgãos federais em aeroportos e rodovias, respectivamente, viraram febre entre o público nos últimos meses. A premissa consiste em mostrar o dia a dia dos agentes da PRF, da PF, da Receita Federal, da Anvisa, da Vigiagro e do Ibama no combate a crimes como tráfico internacional de drogas, contrabando de mercadorias e descaminho.
Pode até parecer um enredo tedioso pela descrição, mas os realities passam muito longe da monotonia — a prova está na legião de fãs conquistada pelas produções, que figuram entre os mais assistidos do Dicovery+ e da HBO Max, onde estão disponíveis para os assinantes.
Mas, afinal, o que esses programas têm de bom? Abaixo, GZH cita motivos que explicam o sucesso dos reality shows.
Ansiedade pela apreensão
Uma coisa é certa para quem assiste a Aeroporto: Área Restrita ou Operação Fronteira Brasil: se alguém aparece nos programas, é porque tem culpa no cartório. Isso porque os realities mostram apenas abordagens que foram bem-sucedidas e de fato resultaram em apreensão. Assim, por mais inocente que as pessoas abordadas pelos agentes possam parecer em um primeiro momento, elas certamente serão pegas cometendo atos ilícitos nos minutos seguintes do episódio.
E, como o espectador já sabe que os personagens terão culpa no cartório, o que cresce é a expectativa por descobrir mais detalhes dos crimes cometidos por eles. Estariam transportando drogas? Ou quem sabe introduzindo mercadorias no país sem a devida tributação, configurando descaminho? Poderia ser ainda um caso de contrabando de animais silvestres, como no emblemático episódio de Operação Fronteira Brasil que flagrou um grupo transportando ilegalmente dez salamandras axolote em condições insalubres, dentro de sacos plásticos. É difícil conter a ansiedade pela descoberta.
Nesse sentido, a edição dos programas é certeira em prender a atenção de quem está assistindo, pois apresenta os diferentes casos do episódio de forma picotada, empurrando todos os desfechos para o final. Se houver suspeita de que a pessoa abordada esteja transportando cocaína, então, o caso vira um verdadeiro deleite para o espectador. O momento mais aguardado é aquele em que o agente pinga uma gota de tiocianato de cobalto no produto suspeito para verificar a presença da droga. Se houver, a reação química fará com que o item fique azul, em uma espécie de chá revelação cujo resultado é sempre o mesmo, mas nunca perde a graça para quem assiste.
Criatividade dos suspeitos
Por falar em graça, ela é garantida ao assistir às imprevisíveis reações dos suspeitos ao serem abordados. Como não gargalhar, por exemplo, com o personagem de Operação Fronteira Brasil que tentou insistentemente convencer os policiais de que os 70 cigarros eletrônicos que carregava em seu carro eram para consumo próprio? Ou então com o sujeito que, na tentativa de despistar a PRF durante uma perseguição, entrou na casa de desconhecidos para forjar que morava ali? Criatividade é o que não falta.
O que também surpreende é a inventividade das pessoas ao camuflar os ilícitos transportados, que podem ser extremamente improváveis. De patas de gorila escondidas na mala, já encontradas em abordagem de Aeroporto: Área Restrita, até roupas "engomadas" na pasta de cocaína, como mostrou um episódio de Operação Fronteira Brasil, ninguém sabe o que pode ser encontrado nos pertences ou nos automóveis dos suspeitos. Tampouco é possível prever o nível de "engenharia" empregada por eles para burlar a fiscalização. Assim, assistir às buscas feita pelos agentes é sempre uma loteria (muito divertida, por sinal).
Agentes que viram celebridades
Se os suspeitos não economizam criatividade na hora de burlar a lei, os responsáveis pela fiscalização também não dormem no ponto. Aliás, uma das coisas mais legais dos realities do gênero é perceber quão treinada é a cabeça dos agentes para abordar possíveis infratores.
Os policiais de Operação Fronteira Brasil, por exemplo, conseguem identificar uma possível carga de drogas somente ao olhar um carro trafegar na rodovia, pois percebem qualquer mínima diferença de altura. Já os agentes que protagonizam Aeroporto: Área Restrita sabem exatamente quais serão as "desculpas" usadas pelos suspeitos durante a abordagem — e não economizam na ironia na hora de interrogá-los.
Com a visibilidade trazida pelos realities, os profissionais acabam virando verdadeiras celebridades entre os fãs dos programas, com direito a pedidos para fotos e outras tietagens. Quando um deles aparece em algum noticiário, então, o público vai à loucura. Foi o que ocorreu com Mario de Marco Rodrigues, delegado da Receita Federal em Guarulhos que aparece em episódios de Aeroporto: Área Restrita.
O agente, velho conhecido dos fãs do reality, ganhou notoriedade nacional por ter se negado a liberar as joias trazidas ilegalmente por Jair Bolsonaro da Arábia Saudita. A aparição de De Marco em noticiários do país foi celebrada nas redes sociais por quem assiste ao programa do Discovery.
Fator Casimiro
O sucesso dos realities com agentes federais passa também pelas mãos de Casimiro Miguel. O streamer é uma espécie de Midas das redes sociais: tudo o que toca vira ouro, fazendo muito sucesso entre o público. Ciente disso, o Discovery passou a liberar episódios dos programas para que o youtuber assista junto aos seguidores, reagindo ao conteúdo.
Casimiro, que tem um público fiel composto por milhares de seguidores, ajudou a alavancar de vez os programas, que conseguiram furar a bolha de quem já consumia os reality shows do Discovery. Com o empurrão do reizinho da internet, cujos comentários deixam os episódios ainda mais hilários, Operação Fronteira Brasil e Aeroporto: Área Restrita se consolidaram como verdadeiros fenômenos.