Entre tantas mudanças forçadas pela pandemia do coronavírus, um dos setores mais afetados é o do turismo – em particular os intercâmbios estudantis. Experiências que podem durar meses, custar caro e que dependem de planejamento detalhado, essas viagens foram praticamente congeladas desde o agravamento da contaminação em escala global.
— Não há clareza de quando os voos serão retomados e quando cairão as barreiras para a entrada de estrangeiros em países como Estados Unidos, Canadá e na Europa. Diante disso, contratar qualquer intercâmbio para este ano pode ser arriscado — afirma o vice-presidente da seção gaúcha da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav-RS), João Augusto Machado.
De acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta), o número de brasileiros que embarcaram para o Exterior para fazer cursos cresceu 20,5% em 2018, representando um montante de 365 mil estudantes. Em 2020, diante do apagão das viagens internacionais, uma alternativa oferecida pelas agências gaúchas são os intercâmbios online.
Nesses ambientes, alunos de diferentes países são reunidos em uma sala virtual e assistem a aulas ao vivo com professores de universidades ou escolas de idiomas estrangeiras. Os estudantes são submetidos a trabalhos em grupos e incentivados a criar laços com outras culturas.
A carga horária comum é de três horas por dia, com duração de cerca de um mês. Um preço de referência para quatro semanas de curso em universidades canadenses, que estão entre as mais procuradas por brasileiros, é de R$ 1,9 mil. Se, por um lado, essas alternativas não saciam a vontade de conhecer outro país, por outro podem servir de preparação para um curso presencial posterior.
— É uma forma de a pessoa ir treinando e estar mais preparada quando puder viajar — afirma Machado.
A oferta de cursos online será uma das atrações da feira internacional de intercâmbio The Student World Virtual Fair, que ocorre nesta quarta-feira (24), das 17h às 21h, no horário brasileiro. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até esta terça-feira (23) pelo site do evento.
A feira terá a participação de 219 universidades, escolas de idiomas e governos de pelo menos 15 países. Até as 15h desta terça-feira, havia 25 mil estudantes brasileiros inscritos. O aluno poderá selecionar o tipo de intercâmbio e o destino que mais o atrair e conversar por chat com representantes das instituições de ensino e governos para conhecer as regras de entrada. Haverá também a possibilidade de chamada de vídeo para esclarecer dúvidas e obter informações.
— Este não é um bom momento para viajar, mas certamente é uma ótima oportunidade para planejar, conversar com as instituições de ensino e tomar a decisão de onde será o seu intercâmbio, talvez já em 2021 — afirma Daniela Ronchetti, diretora operacional no Brasil da FPP Edu Media, que organiza o evento.
A decisão de realizar a feira neste momento de pandemia foi motivada pela resposta a uma pesquisa aplicada no final de abril pela organização, por e-mail, a um total de 24 mil estudantes que participam de seus eventos e feiras na América Latina, África e Índia. No recorte Brasil, de 4,5 mil entrevistados, 83% disseram que ainda planejam estudar no Exterior, mesmo que tenham que adiar a data de início.
Na feira, os visitantes poderão contratar cursos online e os programas presenciais – Daniela avalia que a contratação antecipada pode ser uma boa ocasião para negociar descontos. Ela explica que muitas pessoas que haviam contratado intercâmbio para 2020 estão mudando para o ano que vem, na expectativa de que a situação sanitária esteja normalizada.
— Uma vantagem dos programas de intercâmbio é que, caso a situação ainda não esteja normalizada até a data da viagem, as universidades e escolas de idiomas fazem o adiamento. Ou seja, não se perde o serviço — explica Daniela.
A consultora financeira Camila Bavaresco sugere que pessoas interessadas em fazer um curso no Exterior aproveitem este período para colher o máximo de informações disponíveis, escolham o país levando em conta o custo dos pacotes e para se manter e vá comprando moeda estrangeira aos poucos. Dessa forma, o impacto no bolso será diluído até a data da viagem.
— Os preços das passagens aéreas caíram bastante desde o início da pandemia. A pessoa pode definir o intercâmbio e já fazer a compra do bilhete pagando parcelado, desde que atenta à possibilidade de troca de datas caso a viagem não seja possível — recomenda.
Serviço
O que: The Student World Virtual Fair, uma feira online de programas de intercâmbio
Quando: quarta-feira (24), das 17h às 21h
Inscrições: gratuitas e apenas até esta terça-feira (23) no site do evento