Imagine namorar sob o sol da Toscana, da Ligúria, da Emilia-Romagna e do Vêneto! Pausa para suspirar. È vero, não existe cenário melhor para um casal se reconectar do que a Itália. Planejamos um “mochilinho” por Milão, Cinque Terre, Florença, Bolonha e Veneza.
No meio do caminho, outros lugares lindos entraram na rota: Lago di Como e Bellagio, Portovenere e La Spezia, San Gimignano e Siena, Murano e Burano. Parece muita coisa para 15 dias? Não esqueça que alguma mágica acontece com o relógio durante as férias. Se bem aproveitadas, as horas triplicam. Como os italianos nos diziam a toda hora, buona giornata!
Inizio: Milão
Nosso roteiro começou em Milão. Ficamos superbem localizados em um hotel perto do Quadrilátero da Moda e do bairro Brera. Minha teoria é de que a primeira atração a ser visitada deve ter um alto “Fator UAUUU”. Por isso, fomos direto à Piazza del Duomo). E se a lenda diz que dá sorte girar três vezes o calcanhar do pé direito na genitália do touro no piso na Galeria Vittorio Emanuele II, quem sou eu para duvidar?
Depois de passear pelas ruelas antigas, conhecer o incrível Castelo Sforzesco e o Parque Sempione, buscamos o contraste. Visitamos a parte cosmopolita da cidade, no novíssimo bairro Porta Nuova. A praça circular Gae Aulenti fica ainda mais futurista com a Torre Unicredit e seus 231 metros de altura. O que dizer do fantástico Bosco Verticale, o condomínio com metro quadrado a 10 mil euros? Para refletir sobre as riquezas da vida, sugiro experimentar o delicioso gelato da Chocolat Milano, perto da Estação Cadorna.
Caminhar pela Via Torino, passando pelas imensas colunas de San Lorenzo até o bairro Navigli, é outro programa imperdível. Os antigos canais de navegação hoje são a atração da noite milanesa, concentrando incontáveis mesinhas, moradores e turistas. Sobrou um tempinho? Vá até a Bolsa de Valores, na Piazza Affari, conferir a sugestiva estátua L.O.V.E. (um gigantesco dedo médio levantado). Na saideira, descubra que a imponente estação de trem Milano Centrale deveria constar nas atrações da cidade.
Lago di Como e Bellagio
Se sobrar um dia livre para compras em Milão, esqueça as lojas. Use menos euros, acorde cedinho e pegue o trem na Estação Cadorna (aquela do gelato) para Como Lago.
Chegando lá, são duas opções: tentar achar o George Clooney curtindo o dolce far niente na sua Villa Oleandra, em Laglio. Ou navegar pelo Lago di Como em direção a Bellagio, com direito a apreciar os Alpes Suíços no caminho. Prepare-se para subir e descer mais escadarias. Mas cada degrau vale a pena para desvendar essa cidade tão lindinha. Facciamo una foto! Uma, não. Muitas. Almoçar na tratoria Antico Pozzo é uma boa pedida, vai por mim!
Cinque Terre e Portovenere
Se você guardar somente uma dica, que seja essa: não conheça tanta lindeza em um único dia. Cinque Terre merece uma noite que seja da sua vida! São cinco vilarejos de pescadores que parecem cenário de filme e se tornaram Patrimônio da Humanidade pela Unesco: Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore. Mas foi a sexta Terre, Portovenere, que roubou meu coração. Dá pra circular entre elas de trem, barco ou trekking pelas montanhas.
Chegamos a Cinque Terre com chuva e frio, apesar das minhas rezas. Se com céu nublado o mar tem aquele tom verde turquesa, imagina com sol forte!
As opiniões se dividem entre se hospedar numa das Terres ou em La Spezia, cidadezinha próxima. Meu voto, sem dúvida nenhuma, é a primeira opção. Escolha um cantinho gostoso em Monterosso al Mare, como fizemos, e descubra a calmaria que é à noite, quando a maioria dos turistas vai embora.
Faltou contar que subíamos 112 degraus para finalmente abrir a porta do nosso apê. Achou puxado? Eu também. Até conhecer minha vizinha, uma senhorinha italiana com os joelhos e o fôlego melhores que os meus. Subimos mais alto ainda, pra curtir a vista no cemitério das Terres. Entre uma ofegada e outra, a preocupação era uma só: Jesus do céu, como eles sobem os caixões até aqui!? Daí descobrimos uma estradinha de carro atrás do cemitério. Deus seja louvado.
San Gimignano e Siena
Decidimos usar um dia de Florença pra dar um rolê na Toscana. De manhã cedo, descemos na estação em Poggibonsi e subimos de taxi até San Gimignano. É como entrar em uma máquina do tempo e voltar à Idade Média. Essa cidadezinha fofa ganhou o apelido de Manhattan medieval por causa do skyline cheio de torres. A gente poderia ter passado o domingo todo ali, mas como relaxar sabendo que Siena está a apenas uma parada de trem?
Para aproveitar a tarde, escolhemos o endereço certeiro em Siena: a Piazza del Campo. Fator UAUUU vezes mil! Fiquei embasbacada e só me acalmei com uma tacinha de Chianti. É nessa praça onde até hoje ocorre o Palio de Siena, uma corrida medieval de cavalos (dá um Google para ver). Percorrer as ruas circulares ao redor da Piazza é encantador. A Duomo deles também é de fotografar até cansar. Com certeza vamos voltar a Siena e dormir lá, só para ver aquela lindeza iluminada à noite.
Pisa e Florença
Não, a gente não fez aquela foto fingindo que segura a torre. E Pisa nem estava nos planos. Mas o trajeto de Monterosso a Florença faz necessariamente uma parada ali para trocar de trem, com quatro horas de validade do bilhete. Entendeu a indireta? Ao chegar a Florença, o tempo firmou. Céu azul faz toda a diferença no ânimo e nas fotos. Nosso hotel ficava do lado do Eataly e da espetacular Duomo. É tanta fila em igreja e museu que você precisa fazer escolhas. Optamos por ver o Davi de Michelangelo, na Accademia, com ingresso rápido antecipado.
Já que a cidade é um museu a céu aberto, bora lá bater pernas e seguir no Fator UAUUU. Palazzo Vecchio, Piazza della Signorina, Piazza Pitti (te joga no Giardino di Boboli do Palazzo Pitti), Piazza Santo Spirito, Piazza Carmine. Mas Florença nos conquistou mesmo foi na Piazzale de Michelangelo. Como era sábado de tarde, a Piazzale tinha a mistura perfeita de moradores e turistas. O Rio Arno com suas pontes douradas de sol (foto abaixo), aquela vista tão linda e a vibe do pessoal me fizeram chorar de felicidade.
Agora vamos mangiare? Seguimos as dicas de amigos e ainda fizemos descobertas. Na descida da Piazzale, a Enoteca Fuori Porta. Na Via dei Neri, o panino do All’antico Vinaio. Na Piazza degli Ottaviani, o Buca Mario (comi uma lasanha que se desmanchava na boca). Na Piazza Mercato Centrale, a Tratoria Zà-Zà e o Mercado, claro. Pior é que sempre sobra um espacinho para o gelato.
Bolonha
Taí uma cidade para morar. Para se perguntar como pode existir um tom tão vibrante de laranja nos prédios. Para beber o delicioso vinho Lambrusco da região. Pra comer muito bem e barato na Osteria Dell’Orsa. Para ver menos turistas e mais grupos de crianças tendo aula nas ruas (a História em cada esquina, sabe assim?). Sem falar em toda a vida universitária que abraça a cidade, com professores e alunos circulando de bike.
O que a gente não faz por uma boa foto? Sobe os 498 degraus da mais alta torre de Bolonha, a Asinelli. Junto com a maninha torta Garisenda, elas formam Le Due Torri (ingressos somente online). Deu claustrofobia só de pensar? Então caminhe no Giardino Margherita. Ou percorra os 40 quilômetros de pórticos que são a marca registrada de Bolonha. Na Piazza Cavour, o teto deles é pura arte. Falando nisso, imagine mais de 6 mil brasões espalhados nos tetos e corredores da biblioteca no antigo Palazzo dell’Archiginnasio.
A Via Pescherie Vecchie é muito amor. E flores, frutas, verduras, salumerias, massas a granel e mesinhas que te convidam a sentar e apreciar o movimento. Ali do lado, na Piazza Maggiore, a Basílica di San Petronio chama atenção por ter a fachada dividida ao meio, feita com materiais completamente diferentes. Tudo tem explicação: faltou dinheiro na obra, quem nunca? E deram um jeitinho brasileiro. Fator UAUUU pelo ineditismo.
Veneza e Burano
Deixar Veneza para o final da viagem foi a cereja do bolo. Ao vivo e a cores, é de cair o queixo. Ainda mais se você chegar bancando a Carolina Ferraz (“sou ricaaaaaaa”) de táxi aquático. E descer do lado da Ponte Rialto. E achar de primeira o seu hotel. E ganhar um quarto com vista para o canal. E o céu estar azul. E você agradecer baixinho tudo isso. Veneza Santa Lucia (e não Veneza Mestre) é aquela dos infinitos canais e pontes. Onde placas “per Rialto” e “per S. Marco” salvam a vida. Onde, mesmo assim, todo mundo recorre ao Google Maps pra não se perder (não que isso seja um problema).
Veneza consegue ser mais lotada do que Florença. A muvuca se concentra ao redor da Piazza San Marco. Mas dá para enxergar vida real no bairro Cannaregio. Quando você cansar de caminhar por S. Croce e Dorsoduro, é a hora da gôndola. É caro. É incrível. Nos dias anteriores, curtimos os passeios dos outros. Quando chegou a nossa vez, foi gostoso inverter o ponto de vista. Sentir o ritmo lento das águas, ouvir a música assobiada pelo gondoleiro, mudar do Grande Canal para os minúsculos. O pagamento é quase couvert artístico.
Ainda faltou contar do bate-volta que fizemos a Murano e Burano. A beleza de Murano é a fabricação dos famosos vidros. Agora, Burano… Bota Fator UAUUU! Nessa ilha, a definição da paleta de cores é atualizada. Azulão, vermelhão, amarelão, laranjão, verdão, roxão. Tudo é contraste e alegria! Com tantas roupas penduradas nos varais, o perfume de limpeza contagia as ruas. Me encantei com os toldos que eles usam nas portas pra amenizar o sol (os tecidos combinando com as cores das fachadas).
Uscita, a saída
Pois é, o espaço é pequeno pra contar tudo. Esse relato te inspirou? As ideias já estão fervilhando na sua cabeça? Tomara que sim! Ou o nosso ritmo aceleradinho te cansou? Com tantas regiões lindas, a Itália permite diferentes possibilidades de roteiro. Pra quem prefere organizar a viagem com agência de turismo, bora lá conversar sobre a Itália! Já estamos pensando na próxima viagem: matar a saudade de Roma e conhecer a parte Sul da bota. Arrivederci!
Parla inglese?
Pedindo com jeitinho, o inglês salva a pátria. Mas é só a barriga roncar que a língua destrava. Due tagliatelle ao ragú, per favore. Gnocchi ao pesto genovese. Insalata caprese. Tortelline. Bruscheta. Bicchiere di vino rosso della casa. Bottiglia di vino bianco. Espresso doppio. Panforte. Gelato. Faltou refeição pra ir a todos os restaurantes, bares e gelaterias indicados.
Se a Itália engorda? Olha, me contaram que a máfia manda matar quem fica contando calorias. Em solo italiano, faça como eles: a partir das 17h, sente para o aperitivo (a happy hour italiana). O Spritz reina absoluto. Pague um drink e se jogue no bufê boca-livre com prosciutto liberado.