Famílias acostumadas a viver em trailers e motor homes já sabiam para onde fugir quando começou a pandemia: para os campings, em meio à natureza, longe das multidões.
Renata Lotuffo Lucas, 36 anos, e Fausto Lehnen, 37, já tinham vivido bons momentos no Lagoa e Mar, um dos lugares mais tradicionais do Litoral Norte para quem deseja estacionar trailers e motor homes, localizado à beira da RS-030, em Tramandaí. Ali, podiam desfrutar da tranquilidade de quem optou por viver em cima de quatro rodas. Chegaram a se casar às margens da Lagoa do Armazém, que fica ao fundo do camping.
Quando veio a pandemia, não tiveram dúvidas: voltaram ao local para se refugiar, dessa vez com o filho Bernardo, nascido em 2018. Já tinham vendido o trailer, por isso se hospedaram na cabana da mãe de Renata, Carmen Lotuffo Lucas, 66 anos, uma construção acoplada a um trailer, muito comum em campings que recebem trailers e motor homes.
Entre idas e vindas de Tramandaí para uma casa alugada em Gravataí, decidiram comprar mais um trailer e, no início de 2021, abandonaram a correria da cidade para viverem estacionados no Lagoa e Mar.
- Começamos a pensar que não fazia sentido deixar o trailer parado em frente de casa, em Gravataí. Sem contar que poder ficar afastados e sem contato com as outras pessoas é mais seguro, sem dúvida - diz Renata.Ela, advogada de Porto Alegre, e ele, natural de Gravataí e dono de uma agência de marketing, conseguem trabalhar a distância, em meio à natureza, o que se tornou ainda mais comum na pandemia.
À espera do segundo filho, sentem-se confortáveis com a escolha por um estilo de vida menos estressante, respirando ar puro. No camping, têm, à disposição, piscina infantil, mesa de sinuca, banheiros comunitários, mercadinho e até uma espécie de pub com música ao vivo e karaokê - além dos cerca de 200 metros de orla na lagoa, com trapiches.A mãe de Renata também decidiu fincar a vida no camping por causa do coronavírus. Antes da crise sanitária, a casa mantida no local era só para veraneios.
- Ela não volta mais. Aqui no camping, se sente mais segura, com mais pessoas de idade fazendo companhia - conta a filha.
Vida em comunidade
O casal Valmir Cardozo, 63 anos, e Maria Barbieri Cardozo, 60, gostava só de veranear no Sítio Recanto da Lagoa, em Osório, onde mantém há seis anos uma casa conjugada a um trailer. Eles são "roda quadrada", expressão que define quem fica com o veículo estacionado, sem rodar por longos períodos.
Com a pandemia, ela decidiu sair da casa em Porto Alegre para fixar residência no meio do mato. Levou juntos os netos, Eduardo, de nove anos, e Henrique, de oito, que já moravam com os avós na Capital. Como os meninos passaram a estudar a distância, dentro de casa, a vida no sítio ficou mais agradável para curtirem a infância. É um espaço arborizado, com tucanos cantando pela manhã, além de quadras de vôlei e de futebol e da Lagoa da Pinguela, principal atração.Maria nem coloca os pés para fora do sítio, nem mesmo para ir à praia.
- Quando não tinha movimento, a gente ia para a praia. Com a pandemia, paramos de ir - conta.Os meninos foram matriculados em uma escola no bairro Aguapés. Só falta Valmir mudar-se em definitivo para o local. Representante de vendas, ele ainda precisa fazer bate e volta de Osório para a Capital, mas se organiza para ficar só no sítio, entre outras famílias que largam tudo para viver em trailers e motorhomes.
- É uma comunidade. Uma família. Isso a gente não tem em Porto Alegre. É um tipo de vida que eu gosto - diz.
Os campings visitados
- Endereço: RS-030, n° 5.500, em Tramandaí
- Telefone: (51) 3661-1840
- Estrutura: o camping dá acesso a energia elétrica, além de água e possibilidade de descartar os dejetos dos veículos. Há banheiros coletivos e quiosques com churrasqueiras.
- Diária: para quem estaciona com trailer ou motor home, o valor da diária é de R$ 35 por pessoa. Para ficar em barraca, a diária é de R$ 25 por pessoa. A diária das cabanas varia entre R$ 200 e R$ 300.
- Endereço: Rua Bernardino T. Rodrigues, n° 200 - bairro Aguapés - às margens da RS-407, em Osório
- Telefone: (51) 9 9989-0021
- Estrutura: há energia elétrica e acesso a água, além de acesso a banheiros coletivos e quiosques com churrasqueiras. Para ficar em barraca, a diária é de R$ 30 por pessoa. A diária das cabanas pode ser consultada entrando em contato pelo telefone.
- Valores: para quem estaciona com trailer ou motor home, o valor da diária varia de R$ 30 a R$ 40 reais por pessoa. Para ficar em barraca, a diária é de R$ 30 por pessoa. A diária das cabanas pode ser consultada entrando em contato pelo telefone.