Duas mortes de crianças por afogamento no feriadão de Natal no Estado, em Farroupilha e em Passo Fundo, acenderam o alerta sobre a necessidade de redobrar os cuidados com os pequenos ao permanecer em locais próximos a piscinas, poços, rios ou na beira da praia.
Conforme a Polícia Civil, houve neste ano - incluindo o período de veraneio de 2020 - 22 mortes por afogamento, no Estado, de pessoas com menos de 18 anos. Desses, 11 foram de crianças com até 11 anos de idade.
— É um dado que precisa servir de alerta principalmente em um ano atípico como este, em que alguns pais podem deixar as crianças mais soltas após o isolamento social, colocando-as em risco de se acidentarem em piscinas ou no mar — avalia a chefe da Polícia Civil no Estado, Nadine Anflor.
Locais com piscina
É importante manter a piscina cercada ou coberta para dificultar a chegada da criança sozinha na água. Caso a piscina esteja descoberta, a sugestão é evitar deixar à mostra bolas, brinquedos, boias ou outros elementos coloridos que possam chamar atenção dos pequenos. No momento do banho, é essencial manter a criança na área rasa ou destinada aos menores, e jamais carregá-la no colo na área profunda.
— Isso terá um efeito pedagógico, pois a criança, mesmo em uma eventual distração dos pais, saberá que aquela piscina ou sua parte mais funda não são para ela — explica o major Isandre Antunes, chefe de operações do Corpo de Bombeiros no Estado.
Os adultos também precisam estar próximos aos pequenos mesmo quando eles se banharem nas piscinas infantis. Desta forma, poderão agir rapidamente caso o filho escorregue ou seja deslocado por outra criança.
— Mas o ideal é que o adulto sempre esteja junto, a um braço de distância — reforça Antunes.
Na beira da praia
É essencial que o adulto leve a criança pela mão até o mar, jamais a deixando entrar sozinha na água. A altura máxima do banho deve ser a do umbigo do pequeno, pois caso caia em um buraco, o responsável pode puxá-lo rapidamente. Assim como ocorre nas piscinas, não se recomenda que o adulto entre no mar com a criança no colo, uma vez que pode transmitir a ideia de que a praia é um espaço de exploração ilimitado.
— Também é essencial estar atento à cor das bandeiras — explica Antunes. — Na vermelha, não se leva as crianças na praia nem no raso, pois há uma força de arrasto da água que as colocam em risco. A bandeira verde é a única que sinaliza aos pais que podem levar a criança no mar em segurança.
Não custa reforçar: adultos responsáveis pelas crianças não devem consumir bebida alcoólica, para não afetar sua percepção de risco, e não devem de distrair com livro, celular ou conversa enquanto o menor está no mar. Estar próximo aos postos de salva-vidas é outra dica essencial.
Rio, lagoa ou cachoeira
Em rios e lagoas, a área da praia, mais tranquila e sem ondas, pode ser adequada para que os responsáveis conduzam as crianças pela mão e assim permaneçam durante o banho, com a água até a linha da cintura. Mesmo para crianças maiores, acima de oito anos, não se pode permitir que entrem sozinhas no fundo, uma vez que há risco de prenderem o pé em algum galho ou pedra e se acidentarem.
Em cachoeiras com pedras no fundo ou rios com corredeiras, como o de Três Coroas ou o das Antas, não se pode permitir banho de crianças - e nem mesmo adultos, uma vez que há risco maior de acidente.
— É muito importante que todo banho em rios e lagos seja feito onde há posto de observação dos guarda-vidas. Às vezes, as pessoas percorrem quilômetros de carro para chegar a um ponto de banho, mas não andam 50 metros para ficarem próximas a um local com guarda-vidas — afirma o major Antunes.
Neste verão, serão 212 postos de guarda-vidas no Litoral Norte, 30 no Litoral Sul e 50 em locais de água doce no Interior.
Casas com poço
A melhor forma de evitar acidentes em propriedades com poços ou cisternas é colocar barreiras físicas que impeçam que a criança chegue até a beira. Podem ser grades ou tapumes, por exemplo, desde que sejam obstáculos eficientes.
É importante reforçar que, no verão, as crianças procuram quaisquer poças d'água para se refrescar, inclusive em pontos de alagamento por chuvas, baldes ou obras. O Corpo de Bombeiros gaúcho já atendeu casos de afogamento de crianças até em buraco de asfalto inundado.
— Por isso é essencial manter a criança sempre ao alcance da visão quando estiver na rua e, principalmente, fazer um processo educativo, explicando para ela os riscos de entrar em um local com água ou de ficar à beira dos poços — esclarece o major.