Sirlei Correa, 58 anos, moradora de Cidreira, no Litoral Norte, tinha o costume de ir praticamente todo dia à beira-mar, acompanhando o marido na pesca. Após um problema de saúde que resultou em dificuldade de locomoção, no ano passado, ela teve que reduzir a quantidade de passeios na areia por causa da dificuldade de acesso.
– Há um desrespeito com deficientes e idosos – queixa-se a aposentada.
Diagnosticada com lesão na coluna que causa dor ao caminhar e desequilíbrio, Sirlei usa um triciclo para chegar na Praia de Salinas. Mas não há condições para passar sobre o triciclo entre as dunas no acesso mais próximo à sua casa, na Rua Vinicius de Moraes. Tentou ir duas vezes com uma bengala, mas relata que caiu por causa da areia fofa.
Sua vizinha Elisângela da Silveira de Oliveira, 42 anos, conta que, quando o sobrinho de 14 anos, que é cadeirante, vai a Cidreira para aproveitar o veraneio, duas pessoas precisam levantá-lo na cadeira de rodas para passar entre as dunas. Elas defendem que o ideal seria a construção de acessos em madeira, semelhantes aos que existem em Capão da Canoa.
A solução encontrada por Maria das Graças e pela irmã Marisa Castro para levar a mãe de 87 anos para a praia foi entrar com o carro ao lado da plataforma. Então, abriram a cadeira de rodas e acomodaram dona Nair sob o guarda-sol.
– Se não tivéssemos o carro, não teria como trazer – conclui Maria.
Acesso na área central
Secretária municipal do Meio Ambiente, Mara Lucia de Andrade Fraga observa que existe uma lei que proíbe o acesso de veículos na orla marítima, porém, "por coerência, poderão acessar os veículos com cadeirantes para transporte e os mesmos para que tenham acesso à praia".
Ela afirma ainda que Cidreira tem no Calçadão Kanitã, em área central, uma rampa de acesso a cadeirantes e afirma que é proibido que se faça acessos à faixa de praia, que não os naturalmente existentes.
– A nossa orla é de dunas protegidas por lei – destaca.
Com relação à retirada de areia da orla para acesso de pessoas, ela afirma que é necessário protocolar pedido na prefeitura, que será analisado, caso a caso, por um profissional técnico na área (biólogo ou fiscal ambiental).