Para você, férias pedem o quê? Descanso? Mar? Sol? Comilança? E que tal incluir aulas nesta lista? Na areia ou fora dela, a temporada no Litoral Norte oferece oportunidades para o veranista aprender alguma coisa nova. Diretora cultural da Saba, em Atlântida, que tem no verão programação que vai de palestra sobre enologia a oficina de fotos com celular, Laura Becker Fett defende que essa época do ano é ideal para aproveitar que a cabeça está relaxando, depois de um ano corrido, e "absorver coisas interessantes".
É exatamente o que faz a empresária Zuleica Marasca Klauck, 50 anos. Ela e o marido, Paulo Roberto Fitz, 59 anos, de Porto Alegre, não se satisfazem com a rotina beira do mar/casa, casa/beira do mar e procuram sempre alguma coisa diferente para os programas das férias. Na semana passada, participaram de um curso de noções de desenho em Torres.
— É importante se experimentar, olhar as coisas de outro ângulo — diz Zuleica.
Kitesurf e
Enquanto o vento nordestão joga areia no pastel de camarão, arrasta guarda-sóis e afugenta veranistas da beira da praia, tem uma galera se divertindo na Lagoa do Armazém, em Tramandaí.
Dia de vento é dia de kitesurfe, um tipo de surfe impulsionado por uma pipa — que se assemelha a um parapente. As águas calminhas e em boa parte rasas da lagoa atraem tanto gente que já se exibe com manobras — chegam a voar por alguns segundos — quanto quem tenta se manter de pé sobre a prancha.
O curso da escola Kitesul inicia-se com ensinamentos para montar o equipamento. Quando os alunos chegam ao trapiche, vestindo colete, capacete e o que chamam de trapézio (que prende a pessoa pelo quadril à pipa), o professor Cristiano de Oliveira Roehe, conhecido como Alemão, 32 anos, dispara, animado:
— Urgente: a água está nos chamando!
Por questões de segurança, a primeira aula baseia-se em aprender a controlar a pipa. Não é só segurar a barra e ser arrastado para qualquer lado: é preciso dosar a força e aprender a lógica de resposta do equipamento. Na segunda aula, o aluno segue tendo lições de controle, mas os pés ficam menos tempo no chão: a ideia é boiar impulsionado pelo vento. Na terceira e quarta aulas, costuma-se começar a trabalhar com a prancha, tentando ficar em pé e, com o tempo, manter-se em movimento.
No dia em que a reportagem participou da aula, o taxista Rogênio Vidart, 61 anos, ainda estava na fase de "surfar com a bunda". Ele está aprendendo o esporte para acompanhar a filha, que já pratica.
— Se ela faz, por que eu não faço também? — questionou-se.
Rogênio não esconde a animação durante a aula. Diz que o esporte lembra quando aprendeu a empinar pandorga na infância, também em Tramandaí. Ele vem de Porto Alegre especialmente para as aulas.
Já o filmmaker Fabiano Sperotto, 32 anos, que mora em Florianópolis, estava no Rio Grande do Sul para passar as festas de fim de ano com a família e aproveitou para aprender a modalidade. Ele já é surfista e está buscando no "kite" uma alternativa para dias em que venta bastante.
Alemão já deu aulas para crianças e também para gente com mais de 70 anos. Atualmente, a escola aceita alunos a partir de 10 anos, e o ideal é que saibam nadar e tenham condicionamento físico razoável. Para comprar os equipamentos, segundo Alemão, o investimento varia de R$ 5 mil a R$ 12 mil.
A escola tem pacotes de quatro aulas (R$ 1,2 mil) e oito aulas (R$ 2 mil). Informações pelo telefone (51) 99405-0207 ou pelo e-mail alemao@kitesul.com.br.
Desenho de paisagem
A parte alta do curso Um Olhar Para Torres se deu no meio-fio da Prainha, onde os alunos sentaram-se virados para a Torre Sul, Morro do Farol e das Furnas. Com uma prancheta no colo, eles tentavam colocar no papel toda a beleza de uma das paisagens emblemáticas do Rio Grande do Sul.
Para ter noções de desenho de paisagem com o artista plástico Jorge Herrmann, não importa se você tem veia artística ou só rabisca palitinhos. Até porque, ainda mais do que os toques que o professor te dá durante a aula ("você precisa perceber os limites do enquadramento", "uma coisa tem que terminar para outra começar"), a graça está na conexão que o aluno estabelece com o ambiente.
— Essa paisagem está entrando em ti. Tu vais mostrar para as pessoas que esteve aqui — disse Herrmann para uma senhora, que lá pelo sexto desenho parava de desenhar quadrados e adotava traços muito mais delicados.
O curso tem aproximadamente seis horas, divididas em dois turnos. As primeiras lições ocorrem em sala de aula, no Espaço Cultural Ten Caten. Começa com tentativas de reproduzir em desenho uma fotografia, para "exercitar o diálogo do olho com a mão e o tema". Na segunda parte, os alunos vão até alguma das belezas naturais de Torres. Na sequência, voltam ao ateliê, onde são incentivados a copiar o desenho de algum dos colegas.
— É para mostrar que o desenho é uma assinatura, você pode tentar reproduzir, mas não vai ficar igual. Porém, vai se contaminar com a informação do colega e ampliar o repertório gráfico — explica o professor.
Entre as dicas dadas in loco, está olhar para a paisagem dentro de uma moldura de papelão. A turma também é incentivada a colocar um plástico na frente do olho para enxergar o que quer desenhar.
— Os detalhes sumiram, né? Isso mostra os elementos principais, o esqueleto da paisagem. Porque às vezes a gente começa a entrar em detalhes e perde o contexto — explica Herrmann.
A arquivista aposentada Maria Alice Garcia dos Santos, 63 anos, de Caçapava do Sul, conta que nunca desenhou na vida. Topou o convite da amiga na viagem a Torres por curiosidade.
— Vai que desperta alguma coisa. Apesar da minha dificuldade de dar um traço — ri ela, garantindo que pelo menos estava se divertindo.
A próxima edição do curso ocorre no dia 19, das 8h às 11h e das 17h às 20h — novas turmas podem ser abertas, dependendo do interesse. O investimento para o dia inteiro é de R$ 140 e, para um turno apenas, R$ 80, e é indicado inscrever-se com antecedência porque há número limitado de participantes. Contato com o professor pelo WhatsApp (51) 99240-7038 ou e-mail arte@jorgeherrmann.com.
Câmbio para a terceira idade
Para se divertir, não precisa ser atleta, basta disposição. Um exemplo de energia e empolgação é a oficina de câmbio para a terceira idade promovida na Arena Mais Verão do Sesc, em Imbé. A ideia é disseminar a atividade e integrar a turma mais velha.
— É uma aula aberta para que o público venha conhecer e levar a prática para sua cidade ou bairro — explica o professor da oficina, Fábio Rodrigues.
No lançamento das aulas, ocorrido na terça-feira passada (8), foram reunidos grupos que já praticam a atividade no Litoral Norte há mais tempo para mostrar como tudo funciona: em uma quadra de vôlei na beira da praia, dois times de nove jogadores cada se revezam para pegar a bola antes que ela toque na areia e arremessá-la para o outro lado da rede. Diferentemente do vôlei, o câmbio permite que os praticantes peguem a bola nas mãos e andem com ela em quadra antes de lançá-la para os adversários. Com um sistema de rotação semelhante ao do vôlei, o jogo ganha velocidade à medida que os praticantes pegam o ritmo. Uma partida tem duração de 10 minutos ou 15 pontos, o que acontecer primeiro.
Quem aproveitou a participação do seu time na inauguração da oficina foi a aposentada Janessi Cesaro Rosa, 75 anos. Ela e o marido, João Carlos da Rosa, 73, começaram a praticar câmbio em outubro de 2018 e ainda estão aprendendo com os colegas.
— Nos sentíamos muito sós. Era só eu e ele, agora, encontramos uma família — conta a moradora de Imbé, que treina duas vezes por semana.
Na beira da quadra, agitada, Rejane Maria Weber Fagundes passava instruções à sua equipe. Ela é professora de Educação Física e instrutora de câmbio em Imbé. No decorrer do ano, treina três times, todos eles com integrantes a partir dos 50 anos.
— O meu nenê tem 52 anos — ri.
— Isso é muito importante porque eles têm uma vida muito sedentária. Além disso, há uma grande integração. Hoje, nos chamamos de Família Amigos de Imbé — completa.
Durante as oficinas do Sesc, que ocorrem às terças e quintas, das 17h às 18h, o time de Rejane também vai para a praia divulgar a atividade.
Quem tiver interesse nas aulas, basta se dirigir à Arena do Sesc, na beira da praia de Imbé (próximo da Avenida Santa Rosa), para participar gratuitamente.
Confira algumas opções de cursos no Litoral
Programação na Saba, Avenida Central, 5, em Atlântida (Xangri-Lá):
17 de janeiro, às 20h
Palestra sobre harmonização com vinhos com a enófila Luciana Zotz da Gusteau Importadora
Local: Saba Beira Mar
Público: adulto
Ingresso: 2kg de alimento não perecível
Vagas limitadas: 30 participantes
Inscrições pelo telefone: (51) 3689-5324
Evento seguido de exposição da Artista Eneida Serrano, comemorando a abertura da Semana de Arte Saba
17 de janeiro, às 21h
Exposição fotografias Eneida Serrano: "Mar e Tempo"
Local: Saba Beira-Mar
Evento aberto ao público
Ingresso: 2kg de alimentos não perecíveis
Confirmação de participação pelo telefone (51) 3689-5324
19 de janeiro, às 18h
Oficina de fotos com celular pela artista plástica Eneida Serrano
Local: Saba Beira-Mar
Público: a partir de 12 anos
Ingresso: R$ 50
Vagas limitadas
Inscrições pelo telefone (51) 3689-5324
19 de janeiro, às 17h
Workshop como receber bem na casa de praia (entradinha e drink)
Saba Beira-Mar
Público: adulto
Entrada franca
Vagas limitadas
Inscrição pelo telefone (51) 3689-5324
23 e 24 de janeiro, das 15h30min às 18h
Oficina de introdução ao desenho com o artista plástico premiado e professor do Museu do Trabalho, Paulo Chimendes
Local: Saba Beira-Mar
Público: a partir de 12 anos
Ingresso: R$ 35
Vagas limitadas
Inscrições pelo telefone (51) 3689-5324
25 de janeiro, às 20h
Palestra: "A Realidade Não é que Parece", com Moacir de Araújo Lima
Local: Saba Beira-Mar
Público: a partir de 12 anos
Ingresso: 2kg de alimento não perecível
Vagas limitadas
Inscrições pelo telefone (51) 3689-5324
7 de fevereiro, às 20h
Palestra sobre a história da cachaça por Água D'Arcanjo e oficina de risotos com Helena e Norberto Gorziza, da Blue Ville
Local: Saba Beira-Mar
Público: adulto
Ingresso: 2kg de alimentos não perecíveis
Vagas limitadas
Inscrições pelo telefone (51) 3689-5324
17 de fevereiro, a partir das 20h
Palestra Minha Vida Deu um Livro, de Silvino Marcon
Entrega do 2º Prêmio SABA de Literatura
Apresentação de show produzido por Luiz Coronel
Oficina de Caipirinhas Água de Arcanjo
Roda de Samba com o grupo Amantes do Samba
Local: Saba Beira-Mar
Público: adulto
Ingresso: 2kg de alimento não perecível
Vagas limitadas
Inscrições pelo telefone (51) 3689-5324