Não tem caverna nem lâmpada mágica, o Aladim da história veste macacão de neoprene, mas o tapete voador está presente: são as pranchas adaptadas com a novidade dos esportes aquáticos, o hydrofoil, também conhecido como quilha foil. Quem flutua sobre a água na praia de Atlântida, em Xangri-lá, é Elias Seadi, instrutor de kitesurfe e um dos entusiastas dessa modalidade.
Com o equipamento trazido do Havaí no ano passado, Seadi diz que sua diversão independe das condições de vento ou do mar.
— Não tem ruim. Se a pessoa reclama que as condições não são boas, é porque ela não tem equipamento. O foil está suprindo a necessidade inclusive de quando não tem onda. É uma baita diversão — garante, lembrando que há poucos dias ficou cerca de três horas na água com o "brinquedinho".
À primeira vista, o equipamento causa estranheza: a prancha fica suspensa para fora da água, enquanto o mastro, localizado em sua parte inferior, corta o mar. Para quem está praticando o esporte, a sensação é outra.
— É como se fosse um tapete voador — explica Seadi.
— Já tinha visto, em vídeo, o pessoal que eu admiro usando. Tive curiosidade e, quando fui para o Havaí, ajudei a gravar um programa com o Pato (Everaldo Teixeira, surfista catarinense). Quando ele falou sobre a quilha, pensei: "Eu quero uma dessas". Aí não parei mais — completa.
A estrutura de alumínio ou carbono sob a prancha lembra um pequeno mastro com um avião na ponta. Dentro d'água, o "piloto" só precisa ganhar velocidade de uma ondinha ou vento. Em questão de instantes, essa haste sobe, afastando a prancha d'água e provocando a flutuação.
— Funciona como se fosse uma aeronave. Prende-se o mastro com um "aviãozinho" embaixo da prancha. Conforme adquire velocidade, cria-se uma pressão hidrodinâmica e o "avião" sobe — comenta Roberto Veiga, terceiro colocado no ranking nacional da Associação Brasileira de Kitesurf, na categoria hydrofoil.
Para Veiga, a adaptação encontrou a resposta definitiva para o grande problema dos esportes aquáticos:
— Surfe precisa de onda. Kitesurfe precisa de vento. Hydrofoil é diferente: pode-se praticar sem nenhuma condição prévia.
Surfista Gabriel Medina está entre os entusiastas
Originário do wakeboard – atividade na qual o praticante usa uma prancha presa aos pés e é puxado por uma lancha –, o hydrofoil já foi adaptado para o surfe, o kitesurfe e o stand-up paddle. Além das pranchas específicas, há ainda adaptadores que permitem acoplar o equipamento sob qualquer prancha, transformando-as no próprio "tapete voador".
Contudo, o hydrofoil não é para qualquer um. Apesar da experiência de muitos anos de prática, Seadi diz que se machucou nas primeiras investidas:
— É difícil, precisa ter um nível avançado como praticante de surfe. É bem mais perigoso do que eu imaginava. No começo, tive cortes nas pernas.
Na quarta-feira (24), o surfista Gabriel Medina, campeão mundial em 2014, postou dois vídeos em sua conta no Instagram usando uma prancha para a prática do hydrofoil. Na legenda, ele escreveu: "Onda pra quê? Muito irado esse negócio".
O valor do equipamento fica entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
Fique por dentro
Kitesurfe: Modalidade que usa uma prancha e uma pipa. O praticante veleja impulsionado pela força do vento.
Windsurfe: Prancha com uma vela acoplada que também veleja sobre as águas a partir do vento.
Wakeboard: O praticante "esquia" na água sobre uma prancha que é rebocada por um barco com auxílio de um cabo.
Stand-up paddle: Esporte no qual o praticante fica em pé sobre a prancha e usa um remo para auxiliar no deslocamento em águas calmas. O grande desafio é manter o equilíbrio.
Hydrofoil, ou quilha foil: Aqui há uma espécie de mastro, com um "aviãozinho" na ponta, que fica conectado a uma prancha comum. Ao ganhar velocidade, o mastro levanta, fazendo com que a prancha flutue sobre a água.