Os torcedores protestando no CT com faixas escritas em espanhol têm um destino muito claro. Pela primeira vez Miguel Ángel Ramírez está enfrentando uma contestação forte. O jogo na Venezuela contra o Táchira acendeu o pavio e a explosão veio com a derrota no Gre-Nal do Beira-Rio. São pedidas trocas na equipe, "vergonha" dos profissionais e, é claro, vitórias contra o Olimpia e o Grêmio respectivamente.
Com um time ainda sendo montado, é plenamente válido o argumento da necessidade de tempo para consolidar o trabalho. O técnico tem ideias, mostra convicção e já viu algumas coisas darem bons resultados. Seu problema é que no Brasil não há médio prazo no futebol.
Provavelmente ele já sabia disso quando aceitou trabalhar no Inter para dar um upgrade na sua curta carreira. Agora, Ramírez está diante de um desafio que não é apenas escalar um time com determinado esquema tático ou mudando jogadores. A hora colorada é do gestor de grupo. Será preciso trabalhar o vestiário, a mente de seus atletas para que, a partir da sinergia, haja a recuperação qualitativa.
Contrário ao que é recomendável, o que importa para o Inter nos dois próximos jogos são os resultados. Contra o Olimpia o empate é tolerável, embora não seja o ideal.
Diante do Grêmio há a necessidade da vitória e do título. Se, dentro do campo, há problemas, dificilmente eles sejam solucionados numa semana tão decisiva. Cabe ao treinador, através de atitudes, garantir tranquilidade aos jogadores, mesmo que ele próprio possa se sentir ameaçado em caso de resultados negativos.
Se hipoteticamente o grupo do Inter só funciona com gritos, Miguel Ángel Ramírez precisará gritar; se necessitar de afeto, é a vez do diálogo mais compreensivo. O técnico tem de ter o diagnóstico correto para apostar numa opção certeira. Assim é no Brasil, no Rio Grande do Sul e, principalmente, no ambiente Gre-Nal.