É um tanto complexo mudar de posição um jogador. Nem sempre há a vocação para os atletas assumirem novas funções por mais do que deêm a entender que isto é possível. Desde o ano passado, a defesa do Inter vem experimentando tais tentativas. Zé Gabriel era volante e Eduardo Coudet começou a transformá-lo em zagueiro. Abel Braga o retirou da equipe dizendo que ele precisava desenvolver-se em alguns fundamentos. Com Miguel Ángel Ramírez a titularidade voltou, mas as atuações definitivas ainda não aconteceram. Rodrigo Dourado corre o risco de seguir caminho semelhante e a derrota para o Juventude escancarou que isto é arriscado.
Foi Ramírez quem, ao tirar Lucas Ribeiro na partida de Bento, colocou Dourado fora da posição que o levou à medalha de ouro olímpica. Muitas vozes; entretanto, já defendiam esta experiência e, consequentemente, apoiaram a iniciativa do treinador. Ainda que pequena a amostragem, o gol do Juventude foi a clara prova que tal transformação tem muitas chances de não dar ao Inter um zagueiro e ainda fazer perder um bom volante, o melhor do clube nos últimos anos. Rodrigo Dourado foi impotente num duelo que não faz parte de suas características.
Se o caso de Zé Gabriel é irreversível, o de Rodrigo Dourado tem tempo para ser evitado pelos colorados. Vale algo semelhante para a idealizada passagem de Patrick para a lateral esquerda. Esta, pelo menos, não é uma ideia que conte com a simpatia do treinador colorado. O que a defesa do Inter precisa é de zagueiros que sejam adequados ao que quer Miguel Ángel Ramírez, cuja concepção de jogo é totalmente respeitável, busca a modernidade e se mostra efetiva nos quatro cantos do mundo. Só o que nenhuma estratégia tática funciona se não tiver jogadores adequados e nascidos para desempenhar determinadas funções.