Patrick divide opiniões no Inter. Há os que gostam de seu futebol, os que não o apreciam e tem também aqueles que oscilam, de acordo com o desempenho inconstante do jogador. O certo é que ele tem força, técnica para driblar, ímpeto e iniciativa. Via de regra, protagoniza jogadas produtivas e entusiasmantes, mas elas se misturam com perdas de posse de bola, excesso de individualismo e falta de constância física.
Basta ver que na estreia do Brasileirão, contra o Coritiba, teve boa atuação mas saiu com problemas musculares. Juntando tudo isto, dá para concluir que o meio-campista pode funcionar no time até como titular. Porém, observando-se atentamente, se define que seu melhor aproveitamento não é na lateral, onde defende-se seguidamente sua colocação sem que os técnicos referendem este desejo, mantendo-o como tal apenas como eventual e emergencial improvisação.
Os defensores de Patrick na lateral se baseiam muito na carência de concorrentes com sua qualidade no setor, além do fato natural de ser canhoto e habilidoso. Isto é inegável. Nenhum dos últimos laterais colorados apresentou um futebol tão vistoso quanto o dele, embora em outra outra posição. A ideia de meio-campistas funcionarem nos lados da defesa não é de hoje, e se mostrou eficiente inúmeras vezes mundo a fora. Esta, todavia, mas não é uma receita sempre segura e no Inter há boa chance de não acontecer.
Para ser um lateral, é necessário o cacoete básico da marcação. Sendo ala, esta exigência é menor, mas a constância física para ir e voltar durante os 90 minutos é fundamental. Patrick não tem nenhuma destas duas características. O mais grave, porém, é que sua notável aptidão para reter e conduzir a bola contradiz com o que precisa fazer um jogador do setor defensivo pelo lado.
Se sair de trás com a bola, mantendo posse por evolução individual ou driblando, algo que é uma de suas marcas, o caminho até o ataque é longo. A chance de perdê-la nos chamados dois primeiros terços do campo aumenta, bem como a possibilidade de contra-ataques dos adversários. Ao invés de ajudar os atacantes, isto coloca em risco os defensores.
Sendo volante, mas especialmente como meia, Patrick deve ser colocado o mais próximo possível da linha de fundo do adversário. Mais adiantado, o desgaste físico para um jogador que é recorrente em problemas musculares será menor. Ele, assim, poderá fazer seus lances de explosão técnica num espaço mais curto e definitivo para as conclusões, e, se perder a bola, o percurso do contra-golpe será maior para os inimigos.
Com a intensidade que Eduardo Coudet prega no Inter, o lugar de Patrick está muito mais associado ao setor ofensivo do que defensivo. Se lembrarmos o futebol "das antigas", pensemos mais até num ponteiro do que num lateral-esquerdo.