Dia cinco de janeiro, tudo era incerteza no Inter. Depois de uma Série B medíocre (para ser positivo), começávamos o ano com um treinador que não sabíamos se reunia condições de manter o Colorado sequer na primeira divisão, uma direção que dava toda a pinta de não ter a menor ideia do que estava fazendo e um elenco capenga, repleto de deficiências evidentes.
Dia cinco de janeiro apresentamos Patrick. Vestiu a 88, sorriu, acenou, falou coisas bonitas sobre a sua qualidade e sobre o maior clube do sul do mundo. "Sou um jogador de qualidade, por isso estou aqui vestindo a camisa do Inter", disse na sua apresentação. E poucas vezes nos últimos anos encontramos tanta qualidade em uma recém-chegada contratação.
Na verdade, nenhuma.
Desde a chegada de D'Alessandro, e lá se vão 10 e muito festejados anos, não contratávamos tão bem. Patrick tomou conta do meio de campo, de todas as nossas jogadas e de nossos corações. O homem marca, desarma, dribla, passa, assiste e finaliza. Está em todas. Se movimenta por todo o campo com desenvoltura e algum talento. É de um futebol tão fantástico que o seu meme nas redes coloca o seu rosto em fotos do Pelé (e, se está na internet, é verdade).
A importância da participação de Patrick é comprovada nos números. É ele o líder em assistências no elenco colorado em sua primeira temporada por aqui. Superando o Maior Garçom da História do Mundo, que é D'Alessandro com suas mais de 100 assistências vestindo vermelho.
O último passe para gol do 88, aliás, é um deboche completo. Escorada de peito, de futevôlei, de pelada, de quem alia elevada técnica e altos níveis de malemolência futebolística. Um tapa de primeira que desestabiliza as linhas de marcação do Atlético-MG, vence um gramado pesado, supera os pedregulhos de gelo espalhados pelo chão e deixa Edenílson cara a cara com o goleiro Victor. Vencemos aquele jogo no peito de Patrick.
Para além da bola de gigantesca qualidade, o cara ainda tem um carisma absurdo. Começou com as bigodísticas comemorações de gol, que já eram divertidas por si só, e culminou com o espetacular momento do "Pantera Negra" quando anotou seu tento contra a Chape. O Inter, Clube do Povo e do Saci que é, precisava ter de novo um ídolo assim.
A campanha do terceiro colocado no Brasileirão passa muito pelos pés do seu camisa 88. Ele encosta nos volantes e no lateral esquerdo para sair jogando, participa do desenvolvimento de todas as jogadas e ainda faz as vezes de ponta quando necessário. Uma companhia de alta qualidade para Pottker e Nico nas jogadas ofensivas e um parceiro incansável de Dourado e Iago na marcação pelo setor.
Guerrero está vindo. Talvez se apresente na segunda-feira, 13 de agosto. Mas, até aqui, a melhor contratação do Inter na temporada - e na década - é aquela que foi concretizada em 5 de janeiro.