Se alguém acha que os insucessos de campo do Inter, com eliminações na Copa do Brasil e Libertadores e uma queda livre no desempenho do Brasileirão, significam um sinal de crise, ou que há um abalo institucional pela difícil condição econômica do clube, que olhe para a eleição presidencial. O ambiente político mostra que tudo que está ruim pode piorar. O torcedor colorado, por certo, está longe de merecer este combo desagradável. Ele é a maior vítima.
Não se trata de surpresa o fato de haver uma impugnação de chapa ou a busca da Justiça para decidir algo na política colorada. Só faltava se saber um motivo. O clima desenhado há meses, quem sabe há mais de ano, já encaminhava isto. Os motivos é que foram variando. Havia um vice-presidente que não concorreu porque sabia que sua candidatura seria contestada, aconteceram demissões e acusações de traição na diretoria, mudou-se o departamento mais importante do clube quando as coisas iam bem dentro do campo. São muitos os componentes desastrados em nome da busca pelo comando da instituição.
Bastava ter havido vontade política de mudar a data da eleição em nome da excepcionalidade de um ano de pandemia. Não há estatuto no mundo que preveja tal tragédia e; portanto, cabe sempre a permeabilidade e uma mudança extraordinária. No Beira-Rio se optou pela busca do poder enquanto a bola rolava a favor. Resultado: o jogo de campo virou e isto está nos palanques reais e principalmente nos virtuais. A campanha sem corpo a corpo está protagonizando uma sujeira generalizada com acusações, xingamentos, provocações e tudo mais que possa se imaginar para colocar o nível no subsolo.
Não interessa saber quem tem razão. Já que vai ser chamada, a Justiça Comum que o diga. Ao Inter, restará sair de um ano de pandemia destroçado em sua imagem por algo que nada teve a ver com o coronavírus. Há muito o que se lamentar, mas nada a se surpreender. Estava claro que, ao invés de um tapete vermelho, o novo presidente colorado teria de passar por um "tapetão".