Após vazamento de áudios por parte de conselheiros revelando ter recebido acesso dos dados de associados, a eleição do Inter teve três pedidos de punição nesta sexta-feira (4), inclusive envolvendo uma das chapas que tem candidato à presidência. Foram duas ações internas (à comissão eleitoral) e uma ao Ministério Público.
Ao MP, a denúncia foi oferecida por um sócio que preferiu não se identificar. A promotoria recebeu a denúncia e analisará a abertura de investigação. As outras duas denúncias tiveram fontes diversas. A chapa 10 (Surge o amanhã) protocolou pedido contra a candidatura da chapa 3 (Reage Inter), encabeçada por José Aquino Flôres de Camargo, ao conselho de gestão (e presidência), e contra as chapas 1 (Juntos somos maiores), 2 (Bandeira Vermelha), 3 (Reage Inter) e 15 (Camisa Vermelha), que concorrem ao Conselho Deliberativo. A última denúncia foi protocolada pelas chapas 5 (O Inter pode mais), 7 (Inter sem fronteiras) e 9 (Sócio independente colorado) contra dois conselheiros ligados à Chapa 3, um deles concorre à reeleição, e um funcionário do clube.
Os pedidos tiveram início com a divulgação de supostos áudios de um atual conselheiro e que seria simpatizante da Chapa 3 – material veio a público através da conta no Twitter dos jornalistas Lennon Haas e Thiago Suman. Com os dados, os candidatos pediriam votos mais facilmente. Porém, o vazamento dessas informações também vai contras as normas internas do clube, conforme artigo 25, parágrafo único, do regulamento eleitoral do Inter, e também contra resolução enviada pela presidente do Conselho Deliberativo Lenize Doval e pelo presidente da Comissão Eleitoral, Lauro Dorneles, em 12 de novembro de 2020.
No dia 15, na eleição virtual, os sócios aptos a votar poderão escolher qual chapa querem para o conselho de gestão (com a presidência) e separadamente qual chapa querem que ocupe as 150 vagas no Conselho Deliberativo. Para o de gestão, as chapas 3 e 5 têm candidaturas vigentes. Ainda não há uma interpretação sobre o vínculo entre as candidaturas ao conselho de gestão e ao deliberativo. Ou seja, a comissão eleitoral ainda irá avaliar se a cassação das candidaturas da chapa 3 no conselho deliberativo impede que o candidato José Aquino Flôres de Camargo possa concorrer.
— Sendo duas chapas distintas, não vejo problema em seguirem ou serem cassadas... Mas isso tudo é muito subjetivo — explica Dornelles, que terá 24 horas para analisar as defesas de cada chapa após a notificação, que será feita no sábado.
Assim que a Comissão Eleitoral do Inter estudar a peça jurídica, será concedido tempo para que os denunciados façam a suas defesas perante o órgão.
Segundo o documento protocolado na Comissão Eleitoral, existem indícios de que as mesmas teriam sido obtidas em 2020, após o início da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que proíbe divulgação de dados pessoais.
O clube também se manifestou: “O Sport Club Internacional informa que, ao tomar conhecimento das denúncias (...) que retratam suposto vazamento de informações de associados, está realizando a devida apuração dos fatos, para adoção das medidas legais cabíveis contra toda e qualquer inconformidade que vier a ser identificada”.
Contrapontos
Chapa 1
“A Chapa 1 não usou nenhuma fonte do clube para comunicação com o associado. Reunimos quatro movimentos, totalizando em torno de 400 integrantes. Cada um dos nossos seguidores ofereceu seus contatos pessoais e de seus grupos. Também utilizamos outras fontes, como nossos seguidores nas páginas oficiais. A partir destes cadastros construídos ao longo dos últimos 20 anos, temos um bom volume de contatos. Ou seja: temos e trabalhamos com cadastro próprio.”
Chapa 2
“A chapa irá se manifestar somente após a apresentação da defesa na Comissão Eleitoral, marcada para o sábado, e estará disponível para prestar outras informações através do representante Harlei Antônio Noro.”
Chapa 3
“Em respeito ao associado e em razão da insistência leviana de alguns jornalistas de imputar à chapa o cometimento de “crime eleitoral” em razão de áudio vazado nas redes sociais, relatando a utilização de listagens de associados, reiteramos, veementemente, que não dispomos de listas com dados de associados e tampouco as utilizamos ou permitimos que fossem utilizadas. (...) A tentativa desenfreada de imputar responsabilidade criminal aos candidatos da chapa, além de manchar a imagem do Inter, configura crime a ser apurado, com a responsabilização dos protagonistas. (...) a chapa informa que os candidatos já adotaram as medidas de responsabilização cível e criminal, a fim de que as ações criminosas praticadas sejam devidamente apuradas, com a punição exemplar de seus responsáveis.”
Chapa 15
“Acreditamos que os pedidos de impugnação de chapas, especialmente a Chapa 15, possuem o único intuito de tumultuar as eleições. A chapa 15 tem feito uma campanha limpa e correta e repudiamos as acusações.”