Antes de começar o Brasileirão, entre as inúmeras apostas e projeções feitas, havia praticamente um consenso em relação às dificuldades que o Santos teria na competição. Não era nem exagero falar que o time era um candidato a ser o clube grande a perigo de flertar com a zona do rebaixamento. A crise era total com jogadores pedindo para ir embora, ruptura entre atletas e diretoria, redução de 70% de salários e demissão de técnico estrangeiro com poucos jogos.
A desclassificação no Paulistão para a Ponte Preta, em plena Vila Belmiro, parecia antecipar um fracasso na competição nacional. Tudo mudou. A justificativa pode não estar na saída do técnico português Jesualdo Ferreira, mas certamente passa pela chegada de Cuca.
Quem viu o jogo do Santos contra o Inter em Porto Alegre, na segunda rodada, testemunhou uma equipe tímida e assustada, que ratificava os maus presságios. Era o início do trabalho do treinador, que foi dando uma nova cara para a equipe. Acertou-a taticamente e criou um modelo de jogo que valoriza o coletivo e, ao mesmo tempo, privilegia seu maior valor técnico, o ex-colorado e gremista Marinho, um dos goleadores e destaques do Brasileirão em função disto.
Cuca e Marinho, bem conhecidos dos gaúchos com passagens na dupla Gre-Nal, são a sustentação do Santos, que, a esta altura, não se preocupa mais com rebaixamento e já flerta com a ponta no campeonato.
Não é de se acreditar que aí esteja um candidato ao título. Mas, neste primeiro terço da competição, o desempenho santista é surpreendente. Apesar dos desmandos da diretoria do clube, os profissionais do Santos são exemplares, não se entregam nas partidas e construíram um sentimento positivo que nem sua torcida esperava. A vitória sobre o Atlético-MG foi uma prova clara desta boa fase.