O acerto de contas com a História virá, mais cedo ou mais tarde. O descaso com vacinação, com a máscara e o desfile de bravatas que só desagregam o país terão um julgamento justo. Mas essa hora não é agora. Não se trata aqui de gostar ou não do presidente, mas de algo muito mais importante: salvar vidas.
Quando a vacinação finalmente avança, mas a pandemia ainda mata muito, todos os esforços do país devem estar voltados para o combate ao coronavírus. Iniciar um processo de impeachment no Congresso empurraria o Brasil para um acirramento ainda maior de ânimos. Não é disso que precisamos. Minha convicção se baseia, em muito, no processo de afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff e nas suas consequências nefastas, entre elas, o aumento da polarização e da agressividade nos embates políticos, seja em Brasília ou no microcosmo de cada um de nós.
O impeachment é um instrumento essencialmente político. Tanto, que os parlamentares, transformados em julgadores, não precisam justificar seus votos. É sim ou não. Politicamente, o Congresso deveria direcionar todas as suas forças para o que realmente interessa neste momento: combater a covid e preparar o Brasil para a retomada.
Temo pelo que possa acontecer nas ruas se essa ideia de impeachment prosperar agora. Ano que vem teremos eleições. Nada melhor do que o voto para demonstrar uma visão de futuro para o Brasil. De forma livre, soberana e transparente.