Quando falta menos de um mês para o começo a olimpíada de Tóquio, me lembro de uma conversa que aconteceu a 2,1 mil quilômetros da capital japonesa, durante uma outra olimpíada. Foi muito difícil explicar para a minha guia chinesa que criticar o governo pode ser uma forma de ajudar o país.
Para ela, moradora de Beijing, país e governo eram uma coisa só. E olha que se tratava de uma pessoa culta, inteligente, com diploma de curso superior. Essa simplificação é compreensível na China, uma ditadura que pratica o capitalismo de Estado.
Noto, porém, que a mesma miopia cidadã se torna cada vez mais incidente aqui no Brasil. É um perigo.
O emburrecimento do debate impõe um brete ao pensamento. Se criticar Bolsonaro, é porque apoia Lula. Se criticar Lula, é porque apoia Bolsonaro. Não aceito, não concordo e não quero.
Xô, preguiça intelectual.