Já dá para começar a contagem regressiva para o Halloween, data sagrada para ver filmes de terror.
Na lista abaixo, indico sete títulos recentes que podem provocar uma das sensações mais buscadas pelos fãs do gênero: o susto.
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1) Host: Cuidado com o que Chama (2020)
De Rob Savage. O diretor britânico captou o espírito de seu tempo — literalmente. Um grupo de amigas em distanciamento social, oscilando entre o tédio e a ansiedade provocados pela pandemia, resolve apimentar suas reuniões via Zoom — e a história toda é contada como se estivéssemos vendo uma reunião no Zoom. O algo novo a que se propõem é uma sessão espírita virtual, que acaba virando uma roubada. (Para aluguel em Apple TV)
2) Maligno (2021)
De James Wan. O cineasta australiano nascido na Malásia homenageia o italiano Dario Argento, o estadunidense Brian De Palma e o canadense David Cronenberg neste filme que é um desbunde do ponto de vista técnico: as movimentações de câmera, os planos zenitais (quando as cenas são vistas de cima), os jogos de ilusão entre cenários, maquetes e efeitos especiais, o despudor nas explosões de violência. Há um clima oitentista, realçado pela música composta por Joseph Bishara, pela estupidez dos personagens em relação ao perigo, pela canastrice dos coadjuvantes, pelos diálogos expositivos, pela névoa que envolve os ambientes, pela intersecção de experiência científica com geração de monstros e pela tentativa de imprimir humor em cenas mórbidas. Se o clima é dos anos 1980, a trama começa em 1993. Estamos em um sinistro hospital psiquiátrico à beira de um penhasco, tipo um castelo de Frankenstein, onde um grupo de médicos e enfermeiros tenta controlar a fúria sanguinária de um paciente chamado de Gabriel. Corta — em mais de um sentido! — para os dias de hoje, quando Madison Mitchell (vivida com gana e carisma por Annabelle Wallis) lida com uma gravidez de risco e um marido violento. A partir daí, a protagonista e o espectador passam a ser assombrados pela aparição de um personagem grotesco e por assassinatos sangrentos. (Max)
3) Fale Comigo (2022)
De Danny Philippou e Michael Philippou. Apesar de, a certa altura, se tornar um filme genérico de possessão e trauma, a estreia dos gêmeos australianos egressos do YouTube garantiu lugar na lista pela habilidade em conjurar um clima lúgubre, pelo despudor ao lançar mão da violência (com um trabalho assombroso de sonoplastia) e por pelo menos duas grandes ideias. A primeira vem à tona na impactante cena de abertura, que retrata como o hábito de estar sempre com o celular em punho, filmando tudo e a todos, mudou nossa relação com a realidade. A lente é como um anteparo, nos anestesia, nos dessensibiliza. A segunda grande ideia de Fale Comigo é comparar os rituais macabros a vícios e entorpecentes, como a pornografia ou as drogas. Solidão e urgência são características dos personagens, como expressa o título, praticamente uma súplica. (Amazon Prime Video)
4) O Mal que nos Habita (2023)
De Demián Rugna. Os moradores de uma pacata cidade do interior da Argentina recebem uma notícia alarmante: um homem infectado pelo diabo está prestes a dar à luz um demônio real. Desesperados, os habitantes tentam escapar do local. Tem uma das cenas mais chocantes dos últimos tempos. (Netflix)
5) Ninguém Vai te Salvar (2023)
De Brian Duffield. A invasão alienígena, logo nos minutos iniciais, funciona como catalisadora do processo pelo qual a personagem interpretada pela ótima atriz Kaitlyn Dever deve passar. É um processo solitário, como indica o título, que também alude à situação da personagem no enfrentamento aos E.T.s. E o diretor praticamente prescinde do diálogo ao longo de seus 93 minutos de duração, espelhando tanto a incomunicabilidade da protagonista com os demais moradores da cidade quanto seu silêncio em relação a um episódio traumático. Essa combinação do terror físico com o psicológico conquistou Stephen King e Guillermo del Toro. (Disney+)
6) Noites Brutais (2022)
De Zach Cregger. Durante uma noite chuvosa, Tess (Georgina Campbell), ao chegar à casa de Detroit que alugara via Airbnb, descobre que há um outro inquilino no local. A escalação de Bill Skarsgard, o sinistro palhaço Pennywise dos filmes It (2017 e 2019), para esse papel é uma piada ou um aviso? Descubra por conta própria enquanto o diretor e roteirista estadunidense exibe seu talento para aproveitar o cenário e sua capacidade de reverter expectativas do espectador. Quando o filme começou, eu jamais poderia imaginar os rumos que iria tomar. (Netflix)
7) Toc Toc Toc: Ecos do Além (2023)
De Samuel Bodin. Neste filme estadunidense com diretor francês, Woody Norman interpreta o menino Peter, tratado pelos pais (Antony Starr e Lizzy Caplan) com um misto de superproteção e negligência. Ora impedem o guri de participar da tradicional brincadeira de "doces ou travessuras" por causa do desaparecimento de uma garota em um Halloween do passado. Ora não parecem dar bola para o bullying que ele sofre na escola e fazem pouco caso de seus relatos sobre as batidas na parede e as vozes que ouve à noite. Ainda a certa altura escorregue para o explicativo em demasia, Toc Toc Toc merece ser visto pela atmosfera amedrontadora e por seu simbolismo: eis uma poderosa fábula sobre trauma, um monstro do qual nem sempre conseguimos escapar, um pesadelo capaz de nos assaltar todas as noites. (Amazon Prime Video)
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