Às quintas-feiras, dia das estreias nos cinemas, a coluna destaca os melhores filmes para ver nas salas parceiras do Clube do Assinante, que oferecem 50% de desconto na compra do ingresso. Desta vez, recomendo dois títulos que são completamente diferentes um do outro: a aventura galhofeira de super-herói Deadpool & Wolverine (2024), em cartaz em diversos locais e horários a partir desta quinta (25), e o drama histórico O Sequestro do Papa (2023), com sessões no GNC Moinhos, em Porto Alegre, às 21h15min.
Nas unidades do GNC Cinemas (nos shoppings Iguatemi, Moinhos e Praia de Belas, em Porto Alegre, e em Caxias do Sul) e da rede Arcoplex (Cachoeirinha, Gravataí, Lajeado, Passo Fundo e Santa Maria), a meia entrada vale para sócio do Clube e um acompanhante todos os dias da semana, incluindo feriados e as sessões 3D. No Cine Laser, em Passo Fundo, os 50% são aplicados de segunda a sexta-feira, exceto feriados e pré-estreias.
Atenção: o desconto não é cumulativo com outras promoções. Veja as regras no site clubedoassinanterbs.com.br e consulte os sites dos cinemas para saber sobre os horários e preços das sessões. E clique nos links se quiser saber mais.
1) Deadpool & Wolverine (2024)
De Shawn Levy. E não é que o Deadpool, como diz a piada antecipada nos trailers, pode ser mesmo o Jesus da Marvel? O único empecilho para o 34º longa-metragem oficial do MCU ultrapassar a marca do bilhão nas bilheterias — o que só aconteceu uma vez nos 10 lançamentos anteriores — é a classificação indicativa para maiores de 18 anos. Mas não seria um filme do Deadpool se não houvesse muita violência e muita bagaceirice, geralmente misturadas na mesma cena. Outro elemento característico, a metalinguagem, pode afugentar os neófitos, mas é capaz de fazer os fãs das aventuras de super-heróis voltarem para uma segunda vez: nunca se viu tanta referência. Revelar as citações e as aparições seria um crime — na minha sessão de pré-estreia, na noite de quarta-feira (24), houve palmas efusivas e gargalhadas estridentes em pelo menos três momentos —, mas dá para contar que se vai do celebratório e do épico à autocrítica e à ridicularização. O alvo varia entre as produções da Fox (que, SPOILER, não se restringiam aos X-Men) e o próprio MCU, que aqui tem seu bagunçado Multiverso praticamente sepultado (e também sobra para o universo cinematográfico da DC!).
A sequência de abertura resume bem essa oscilação. "Só a musiquinha já é de arrepiar", comenta o personagem de Ryan Reynolds (absolutamente à vontade no papel) após aparecer o logotipo do estúdio, para em seguida chamar a Marvel de "idiota". Na cena, ele está desenterrando Wolverine da cova que vimos ao final de Logan (2017). Essa morte, explica Paradox (Matthew Macfadyen), um executivo da Autoridade de Variância Temporal, determinou a morte do mundo em que vive Deadpool. Para evitar o genocídio e, de quebra, ingressar na chamada Linha do Tempo Sagrada, onde poderia almejar uma vaga nos Vingadores, o mercenário tagarela viaja pelas diferentes Terras da Marvel até achar um Wolverine que tope ajudá-lo, nem que seja à base de quebra-pau. Acaba encontrando uma versão do mutante encarnado por Hugh Jackman (absolutamente nascido para o papel) inédita nos filmes, com o uniforme amarelo que o deixou famoso nos quadrinhos — e fazendo as poses típicas dos gibis. Paro por aqui na descrição da trama para não estragar as surpresas. Que, vale reforçar, terão mais graça se você conhecer bastante do que foi produzido (ou até NÃO produzido) nos últimos 25 anos no cinema de super-heróis. Deixo um conselho: assista em uma sala lotada, porque o riso é contagiante. Um lembrete: tem cena pós-créditos. E um alerta: você nunca mais vai ouvir Like a Prayer (1989), da Madonna, sem visualizar o, ora, esplendor físico de Jackman, 55 anos.
2) O Sequestro do Papa (2023)
De Marco Bellocchio. A exemplo do que fez em Bom Dia, Noite (2003), sobre o sequestro e o assassinato do político Aldo Moro pelo grupo terrorista Brigadas Vermelhas, em 1978; em Vincere (2009), sobre a esposa secreta e escondida de Mussolini, Ida Dalser, e de seu filho bastardo; em A Bela que Dorme (2012), sobre a controvérsia surgida a partir da autorização judicial para a eutanásia obtida em 2009 pela família de Eluana Englaro, que passou 17 anos em estado vegetativo após um grave acidente carro; e em O Traidor (2019), sobre o mafioso Tommaso Buscetta, delator da Cosa Nostra na década de 1980, o cineasta italiano de 84 anos revê um episódio histórico e polêmico de seu país.
Foi o caso Edgardo Mortara, que aconteceu em 1858, durante o período que ficou conhecido como Risorgimento, quando as forças revolucionárias lutavam para unificar a Itália, então um punhado de pequenos reinos. O próprio Papa, Pio IX (encarnado no filme por Paolo Pierobon, em atuação assombrosa), reinava feito um déspota em Bolonha, sede dos chamados Estados Papais. Edgardo, vivido pelo promissor Enea Sala, é um menino judeu de seis anos que é retirado de sua casa pelas autoridades de Pio IX. Portanto, o título brasileiro escolhido pela distribuidora Pandora Filmes está errado, induz o espectador ao engano: o sequestro não é do Papa, mas a mando do pontífice da Igreja Católica, sob a justificativa de que o guri havia sido batizado como cristão. Com maestria, Bellocchio equilibra o conflito religioso, a crítica política e o drama familiar.