Nos últimos dias, pintaram na Netflix filmes que realmente merecem sua atenção. A lista inclui clássicos do cinema brasileiro (ambos assinados por Hector Babenco), um épico hollywoodiano e um drama com alta voltagem erótica, além de títulos de ação e de comédia. Há também um retorno ao menu muito digno de nota: o de Nunca Deixe de Lembrar (2018), dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck.
A vida do artista alemão Gerhardt Richter, marcado, primeiro, pelas perseguições do nazismo e, depois, pelo cerceamento do regime comunista na Alemanha Oriental, inspirou este filme memorável assinado pelo diretor de A Vida dos Outros (2006), ganhador do Oscar internacional. Nunca Deixe de Lembrar concorreu ao mesmo prêmio e também na categoria de melhor fotografia. Não se deixe assustar pelos 188 minutos da duração, que são envolventes desde a primeira cena — e evite ler as sinopses, pois algumas delas trazem revelações demais sobre a trama, capaz de nos surpreender e nos emocionar. No elenco, Tom Schilling, no papel do protagonista, Kurt Barnert, Paula Beer, de Afire (2023), e Sebastian Koch, de A Vida dos Outros.
Confira outros seis filmes novos na Netflix:
Desobediência (2017)
De Sebastián Lelio. O diretor é o mesmo de Uma Mulher Fantástica (2017), que valeu ao Chile o Oscar internacional. Em Desobediência, Rachel Weisz faz uma mulher que, ao voltar para comunidade judaica ortodoxa onde cresceu, em Londres, após a morte do pai, reencontra sua paixão proibida: a esposa de um rabino, interpretada por Rachel McAdams. Aviso aos mais pudicos: as cenas de sexo são intensas.
Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977)
De Hector Babenco. Vencedor do Kikito de melhor ator no Festival de Gramado, Reginaldo Faria protagoniza a badalada cinebiografia do famoso criminoso carioca, perseguido pelo chamado Esquadrão da Morte da polícia. O elenco inclui Paulo César Pereio, Milton Gonçalves, Ivan Cândido e Ana Maria Magalhães. Com 5,4 milhões de espectadores, é o 11º filme com maior público do cinema nacional.
Pixote: A Lei do Mais Fraco (1981)
De Hector Babenco. Baseado no livro A Infância dos Mortos, de José Louzeiro, descreve como o contexto que cerca o crescimento de um menino de rua paulistano de 10 anos (Fernando Ramos da Silva) vai minando seu desenvolvimento e levando-o à contravenção, às drogas, ao crime. A ação começa quando Pixote e quatro amigos são recolhidos a um reformatório, e ali presenciam atos de violência contra crianças, incluindo assassinatos cometidos por policiais. Os menores fogem, mas, de volta às ruas, precisando sobreviver e acostumados à barbárie do internato, passam a cometer assaltos. Não demora até as transgressões crescerem e surgirem novas mortes.
Como escreveu meu colega Daniel Feix, "as cenas finais, incluindo aquela em que um desesperado Pixote é acolhido pela prostituta Sueli (Marília Pêra), que o deita no colo lembrando a imagem de uma Pietá, são de cortar o coração" — correram o mundo e ajudaram a trazer ao Brasil prêmios como uma indicação a melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro. O garoto Fernando, depois da consagração, até fez novelas e outros filmes, mas sua condição de analfabeto emperrou sua carreira e o levou novamente às ruas, onde ele morreu misteriosamente em 1987. Sua história foi lembrada no drama Quem Matou Pixote? (1996), de José Joffily.
Quase Irmãos (2008)
De Adam McKay. Antes de assinar filmes indicados ao Oscar, como A Grande Aposta (2015), Vice (2018) e Não Olhe para Cima (2021), McKay fez carreira como diretor de comédias mais rasgadas ou até bizarras. Aqui, Will Ferrell e John C. Reilly interpretam dois quarentões que vivem como adolescentes e acabam obrigados a morar juntos quando a mãe de um (Mary Steenburgen) e o pai de outro ( Richard Jenkins) decidem se casar. A convivência entre os dois meninões sem noção se dá em meio a brigas e implicâncias.
O Último dos Moicanos (1992)
De Michael Mann. Única experiência de Daniel Day-Lewis como astro de filmes de aventura, este épico é a adaptação de um clássico da literatura estadunidense escrito por James Fenimoore Cooper. Nesta bela recriação da época colonial, durante o confronto entre ingleses e franceses, o ator encarna Hawkeye, homem branco criado pelos tribo dos Moicanos. Ele salva as duas filhas de um oficial britânico do ataque dos índios Huronos e acaba despertando a paixão em uma delas, Cora (Madeleine Stowe). Famoso por se dedicar ao extremo, Day-Lewis resolveu viver por um tempo em uma floresta, caçando e pescando como seu personagem. Vale destacar a atuação de Russell Means na pele de Chingachgook, companheiro do protagonista.
Velozes e Furiosos 7 (2015)
De James Wan. O campeão de bilheteria da franquia (arrecadou US$ 1,5 bilhão) aposta em cenas inverossímeis, como carros saltando de aviões usando paraquedas ou pulando de um prédio para outro em Abu Dhabi, e uma emocionante despedida ao ator Paul Walker, que morreu durante o intervalo nas filmagens.