Foi difícil fazer a lista de 10 deste fim de semana: acabou ficando em 15.
É que, no menu do Star+, há muitos filmes que merecem ser vistos ou revistos, muitas obras premiadas no Oscar, muitos tesouros que só podem apreciados nesta plataforma.
Este é o caso dos longas-metragens abaixo, que não estão disponíveis em nenhum outro serviço de streaming ou de aluguel digital. E que estão entre os meus preferidos na vida.
1) 12 Anos de Escravidão (2013)
De Steve McQueen. Interpretado por Chiwetel Ejiofor, Solomon Northup foi protagonista de uma saga tão absurdamente trágica que seu minucioso relato na autobiografia lançada em 1853 chegou a ser visto como obra de ficção. Mas cada detalhe da excruciante aventura que ele — homem negro, educado e livre — viveu após ser sequestrado e vendido como escravo foi comprovado por testemunhos e registros oficiais. Venceu o Oscar nas categorias de melhor filme, atriz coadjuvante (Lupita Nyong'o) e roteiro adaptado, além de ter disputado outras nove estatuetas, incluindo as de direção, ator e ator coadjuvante (Michael Fassbender).
2) Além da Linha Vermelha (1998)
De Terrence Malick. Um filme de guerra pode ser bonito? É a pergunta que vem à mente diante desta obra-prima de Malick, que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim e foi indicada em sete categorias do Oscar, incluindo melhor filme e direção. Nick Nolte, John Cusack, Sean Penn, Woody Harrelson, Jim Caviezel e Adrien Brody integram o elenco desta reconstituição poética e filosófica da batalha de Guadalcanal, travada no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial.
3) Alien: O 8º Passageiro (1979)
De Ridley Scott. Uma nave espacial, ao retornar para Terra, recebe estranhos sinais vindos de um asteroide. Enquanto a equipe investiga o local, um dos tripulantes é atacado por um misterioso ser. Clássico fundamental da ficção científica e expoente do terror claustrofóbico, deu origem a uma franquia, ganhou o Oscar de efeitos visuais e traz no elenco Sigourney Weaver, Tom Skerritt e John Hurt.
4) Borat (2006)
De Larry Charles. Logo na abertura, Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América diz a que veio: o protagonista mostra seu pobre vilarejo natal no Cazaquistão (refletindo a visão estereotipada que muitos estadunidenses têm dos países do Leste Europeu e da Ásia Central), seus hobbies (como fotografar às escondidas mulheres urinando) e uma das "tradições" da região, a infame Corrida do Judeu (a propósito: o criador e intérprete do personagem, Sacha Baron Cohen, é judeu). As piadas — ou ofensas? — antissemitas, escatológicas, misóginas, racistas e homofóbicas se multiplicam quando o falso repórter de TV e seu produtor, Azamat Bagatov (Ken Davitian), desembarcam em Nova York. Os dois estrelam uma sequência impossível de ser "desvista", cujo estopim são fotos da atriz e modelo Pamela Anderson, paixão repentina, platônica e avassaladora de Borat.
5) Carruagens de Fogo (1981)
De Hugh Hudson. Reconstitui a preparação de dois atletas do Reino Unido para a Olimpíada de 1924, em Paris: Eric Liddel (Ian Charleson) é um missionário escocês que corre por devoção a Deus, e Harold Abrahams (Ben Cross), filho de judeus, quer provar sua capacidade para a comunidade de Cambridge. Ganhou os Oscar de melhor filme, roteiro original, figurinos e trilha sonora — composta por Vangelis e imortalizada em inúmeras citações: virou um clichê dos momentos de superação e das cenas em câmera lenta.
6) Ed Wood (1994)
De Tim Burton. Cinebiografia estilosa e cativante de Ed Wood (papel de Johnny Depp), autor de Glen ou Glenda (1953) e Plano 9 do Espaço Sideral (1959) e considerado um dos piores cineastas de todos os tempos. Recebeu o Oscar de ator coadjuvante (Martin Landau) e o de melhor maquiagem.
7) Estrada para Perdição (2002)
De Sam Mendes. Tom Hanks fez seu papel mais soturno: o de um matador da máfia irlandesa na Chicago dos anos 1930. Filmaço que ganhou o Oscar de melhor fotografia e foi indicado a outras cinco estatuetas, incluindo ator coadjuvante (Paul Newman). No elenco, Daniel Craig.
8) Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
De Wes Anderson. Um prólogo narrado por Alec Baldwin, embalado por Hey Jude, dos Beatles, e declaradamente inspirado em Soberba (1942), de Orson Welles, e Uma Mulher para Dois (1961), de François Truffaut, nos familiariza com o fabuloso mundo dos Tenenbaums: gênios quando crianças, os irmãos Chas (Ben Stiller), Richie (Luke Wilson) e Margot (Gwyneth Paltrow) vivenciam na maturidade seu fracasso. O pai (Gene Hackman), que os abandonara na infância, vê-se à beira do despejo do hotel onde mora e, ao longe, observa um homem (Danny Glover) cortejar sua esposa (Anjelica Huston). Assim, não resta outra alternativa ao ex-advogado Royal Tenenbaum: voltar à casa (e, quem sabe, consertar os erros do passado). Concorreu ao Oscar de melhor roteiro original e firmou as marcas estilísticas e temáticas do diretor.
9) Moulin Rouge!: Amor em Vermelho (2001)
De Baz Luhrmann. A história de amor entre um escritor inglês (Ewan McGregor) e a principal cortesã (Nicole Kidman) de um cabaré é o pano de fundo neste frenético musical. O diretor australiano leva para a boêmia Paris de 1899 canções que só surgiriam nas últimas décadas do século 20, como Like a Virgin (Madonna), Heroes (David Bowie), Smells Like Teen Spirit (Nirvana) e Roxanne (The Police). Ganhou o Oscar de direção de arte e figurinos e disputou mais seis, incluindo melhor filme e melhor atriz.
10) Nove Rainhas (2000)
De Fabián Bielinsky. É um dos filmes que lançaram o ator argentino Ricardo Darín para o mundo. Ele interpreta um pequeno vigarista que se une a outra picareta (Gastón Pauls) para tentarem dar um golpe milionário, que envolve uma série de selos falsificados conhecidos como Nove Rainhas. Difícil saber quem está enganando quem neste filme que consegue equilibrar tensão, humor, drama e um comentário sobre a crônica crise econômica na Argentina.
11) Operação França (1971)
De William Friedkin. Vencedor de cinco Oscar — melhor filme, diretor, ator (Gene Hackman), roteiro adaptado e edição — e segunda maior bilheteria de 1971, tornou-se uma baliza para os títulos e os personagens do gênero policial.
O detetive Popeye Doyle interpretado por Hackman é um dos precursores do processo de amoralização dos homens da lei que seria, digamos, aperfeiçoado pelo Dirty Harry de Clint Eastwood em Perseguidor Implacável, do mesmo ano. Na trama baseada em uma história real, Doyle e seu parceiro Buddy Russo (Roy Scheider, indicado ao Oscar de coadjuvante) combatem um esquema de tráfico de drogas que liga Nova York a Marselha. Instável, durão e pragmático, o protagonista fica obcecado em capturar o chefão francês (Fernando Rey), o que rende cenas de tiroteio nas ruas e de perseguições automobilísticas. Teve uma sequência, Operação França II (1975), dirigida por John Frankenheimer e também disponível na plataforma.
12) A Outra Face (1997)
De John Woo. Autor do fundamental Fervura Máxima (1992), o cineasta chinês comanda Nicolas Cage e John Travolta nesta deliciosa extravagância noventista. O filme acompanha a obsessão do agente do FBI Sean Archer (Travolta) em prender o terrorista Castor Troy (Cage). Quando o bandido fica entre a vida e a morte após um acidente de avião, Archer se submete a uma cirurgia plástica para ter o mesmo rosto e poder se infiltrar na organização criminosa. Por sua vez, Troy, quando acorda do coma, tem a mesma ideia que o policial.
13) Pequena Miss Sunshine (2006)
De Jonathan Dayton e Valerie Faris. Ganhador dos Oscar de ator coadjuvante (Alan Arkin) e roteiro original, é um filme de estrada que oferece uma espécie de resposta a uma sociedade tão obcecada pelo sucesso como a dos Estados Unidos, onde existe uma terrível divisão de classes: se você não é um vencedor, é um perdedor. Na trama desta comédia dramática, as diferenças entre uma família disfuncional afloram quando a amável e gordinha Olive (Abigail Breslin) ganha uma vaga em um concurso infantil de miss, na Califórnia, para onde seguem todos a bordo de uma velha Kombi amarela.
14) O Planeta dos Macacos (1968)
De Franklin J. Schaffner. Em cena antológica, o astronauta interpretado por Charlton Heston descobre que não foi parar em outro planeta, mas, sim, no futuro da Terra (3978), devastada por um conflito nuclear. Como uma crítica às nossas arrogância e beligerância (a corrida espacial entre EUA e URSS e a Guerra Fria estavam em pleno andamento), a humanidade agora está sob jugo de macacos inteligentes e falantes — cuja hierarquia social baseada nas diferentes espécies também permitia abordar o tema do racismo, igualmente em voga à época.
15) O Sexto Sentido (1999)
De M. Night Shyamalan. O filme sobre o psiquiatra (Bruce Willis) que atende um guri (Haley Joel Osment, concorrente ao Oscar de ator coadjuvante) que diz ver pessoas mortas valeu ao cineasta suas duas únicas indicações ao prêmio da Academia de Hollywood (melhor direção e melhor roteiro original), transformou-se em um sucesso de bilheteria (US$ 672,8 milhões arrecadados) e virou ícone das reviravoltas na trama.
Bônus: Titanic (1997)
De James Cameron. Mesmo que já tenha sido visto por uma multidão (é a quarta maior bilheteria da história, com US$ 2,26 bilhões), um dos três recordistas de conquistas no Oscar (11 estatuetas, incluindo melhor filme e direção) não poderia ficar de fora desta lista. Com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet à frente do elenco, Cameron fez uma brilhante reconstituição do mais célebre naufrágio.