Por ter milhares de filmes, o menu da Netflix pode ser desafiador (ou desanimador, segundo os pessimistas).
Para evitar que, como diz a piada, você perca mais tempo escolhendo do que realmente assistindo, fiz uma lista com cinco títulos imperdíveis e que não costumam aparecer no top 10 da plataforma. Tem comédia, terror, brasileiro, indiano...
São tesouros que podem estar escondidos debaixo dos lançamentos mais recentes, das produções com astros de Hollywood e das obras de qualidade duvidosa que volta e meia surgem por lá. Clique nos links se quiser saber mais.
1) O Céu de Suely (2006)
De Karim Aïnouz. Vencedor dos prêmios de melhor filme e atriz (Hermila Guedes) no Festival de Havana, acompanha a história de uma jovem também chamada Hermila, que volta de São Paulo com o filho pequeno para a casa da família no interior do Ceará. Quando percebe que o marido a abandonou, ela decide que é hora de tentar a sorte de novo no Sul – e, para conseguir o dinheiro da passagem, resolve rifar uma noite com ela. Aïnouz é o único representante latino-americano no próximo Festival de Cannes, com Motel Destino. É seu quinto título na mostra francesa: antes, compareceu com Madame Satã (2002), Abismo Prateado (2011), A Vida Invisível (2019) e Firebrand (2023).
2) Missão Madrinha de Casamento (2011)
De Paul Feig. Estrelada por Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Rose Byrne, Rebel Wilson e Maya Rudolph, é uma espécie de versão feminina do sucesso Se Beber, Não Case (2009). A situação é a mesma: grupo de amigas às voltas com a despedida de solteira de uma delas exagera na dose e a coisa toda sai selvagemente de controle. Concorreu ao Oscar de melhor roteiro original, mas vale avisar: para alguns, as piadas são grosseiras. Eu me diverti.
3) O Lagosta (2015)
De Yorgos Lanthimos. No contexto distópico da trama, ser solteiro é proibido. As leis obrigam que aqueles sem par sejam levados a um hotel, onde precisam formar um casal em até 45 dias, ou serão transformados em animais. É uma lagosta o animal escolhido pelo protagonista, interpretado por Colin Farrell. O filme concorreu ao Oscar de melhor roteiro original, assinado por Lanthimos (o cineasta de Pobres Criaturas) com Efthimis Filippou.
4) O Discípulo (2020)
De Chaitanya Tamhane. Ganhador do troféu de melhor roteiro no Festival de Veneza, o filme indiano é sobre o processo de autoaperfeiçoamento de um jovem cantor de ragas, elemento central e transcendental na música clássica do país asiático. O protagonista, Sharad Nerulkar (encarnado pelo estreante Aditya Modak), renunciou ao trabalho e postergou a vida amorosa para seguir as lições do pai já falecido e de uma mítica maestrina, Maai, de quem possui raras gravações de palestras. Sharad acredita piamente nas palavras dela: "Através da música, conhecemos o caminho do divino". Mas nem sempre o esforço pode compensar a falta de talento.
5) Irmã Morte (2023)
De Paco Plaza. Narra a história pregressa de uma personagem coadjuvante no ótimo terror Verônica (2017), mas funciona como um filme autônomo.
A trama começa em 1939, nos estertores da Guerra Civil Espanhola, quando a menina Narcisa é reverenciada pela população da sua cidadezinha como "la niña santa". Dez anos depois, já na pele da atriz Aria Bedmar, ela se tornou uma noviça professora, acolhida pela Irmã Julia (Maru Valdivielso) em um convento que funciona como escola. Lá, Narcisa passa a encarar eventos paranormais e a investigar a história da Irmã Socorro. Plaza desenvolve seu enredo com paciência no ritmo e elegância visual, até desaguar em um impactante clímax que revela horrores do passado e que é formalmente engenhoso.