O Fantaspoa 2023 será em abril, mas a programação de aquecimento da 19ª edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre começa nesta semana. Na quinta (23) e na sexta-feira (24), às 20h, haverá sessões musicadas de Frankenstein (1931) no Instituto Ling. Enquanto o clássico de terror dirigido por James Whale e estrelado por Boris Karloff é exibido, a banda Quarto Sensorial e o produtor Fu_k The Zeitgeist apresentam, ao vivo, uma trilha sonora composta especialmente para acompanhar o filme.
Os ingressos para cada sessão custam R$ 40 no valor inteiro e R$ 20 para quem tem direito a meia-entrada. Os bilhetes já estão disponíveis no site institutoling.org.br e na recepção do centro cultural (Rua João Caetano, 440, de segunda a sábado, das 10h30min às 20h).
Whale inspirou-se no filme O Golem (1914), do alemão Paul Wegener, para recriar na tela o morto-vivo imaginado pela escritora inglesa Mary Shelley em 1818. Bela Lugosi, que encarnou o protagonista de Drácula (1931), recusou o papel do monstro criado com restos humanos, porque não queria interpretar um personagem sem falas. A honra coube a Boris Karloff, que tinha de usar 21 quilos de roupas e maquiagem, além de uma estrutura metálica entre as pernas para lhe dificultar o andar.
Toda sua preparação consumia quatro horas diárias, mas o esforço compensou: seu Prometeu moderno é assustador e patético na medida certa. As sequências da criatura ganhando vida no laboratório de Frankenstein (Colin Clive) e conversando com a menininha na beira do lago tornaram-se antológicas, assim como a perseguição dos camponeses no bosque.
Formada por Carlos Ferreira (guitarra/programações), Bruno Vargas (contrabaixo) e Martin Estevez (bateria), a banda Quarto Sensorial tem experiência com sessões musicadas. No Fantaspoa de 2015, criou uma trilha para o filme mudo alemão Sombras (1923). A música para Frankenstein nasceu no festival de 2018, em parceria com Fu_ k the Zeitgeist (nome artístico do músico Valmor Pedretti Jr.).
James Whale, o pai de Frankenstein
O cineasta de Frankenstein e de O Homem Invisível (1933) e A Noiva de Frankenstein (1935) virou ele próprio personagem do cinema. Dirigido por Bill Condon, Deuses e Monstros (1998, atualmente indisponível no streaming) é baseado no romance O Pai de Frankenstein, em que o escritor Christopher Bram retrata de forma ficcional os últimos dias da vida de James Whale (1889-1957). O diretor, que era gay e foi quase esquecido por Hollywood, retirou-se da indústria no início dos anos 1940 e morreu em circunstâncias misteriosas, afogado na piscina de sua casa.
Ganhador do Oscar de roteiro adaptado, Deuses e Monstros mostra Whale (Ian McKellen, indicado à estatueta dourada de melhor ator) já vivendo um exílio confortável junto com sua governanta, Hanna (Lynn Redgrave, concorrente na categoria de atriz coadjuvante). A tranquilidade é interrompida quando um jovem jardineiro é contratado para trabalhar em sua mansão. Trata-se de Clayton Boone, papel de Brendan Fraser, que compete ao Oscar 2023 na pele do protagonista de A Baleia.
A partir daí, Condon cruza cinebiografia e narrativa de mistério, monstros da ficção e vilões de Hollywood.