Quarenta anos depois, o mais adorável alienígena da história do cinema está de volta. Nesta quinta-feira (17), reestreia em 10 salas de Porto Alegre E.T.: O Extraterrestre (1982), filme de Steven Spielberg que foi exibido pela primeira vez em 26 de maio de 1982, no Festival de Cannes, na França.
O público aplaudiu de pé, durante 15 minutos, o conto de fadas sobre a amizade entre o menino Elliot (interpretado por Henry Thomas) e um extraterrestre que se perde nas florestas da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Criado pelo artista italiano de efeitos especiais Carlo Rambaldi, o pequeno personagem de cabeça grande e rosto enrugado é capaz de curar com um toque de seu dedo luminoso e descobre-se encantado por doces. Essa enternecedora história levou às lágrimas até os organizadores da mostra de Cannes, que têm fama de "implacáveis".
— Foi a melhor recepção que tive em toda a minha carreira — declarou Spielberg, em 2002, para a revista francesa Studio.
Por ocasião do aniversário de 20 anos, o cineasta, o estúdio Universal e a empresa Industrial Light & Magic, de George Lucas, remodelaram o filme e restauraram o som e a famosa trilha sonora composta de John Williams. Em relação ao original, foram acrescidas cenas inéditas e 60 novos efeitos visuais.
Foi preciso refazer a sequência mais famosa, a do voo da bicicleta à frente da lua cheia, que se converteu no emblema da Amblin Entertainment, a produtora de Spielberg. Mas uma das principais mudanças é a substituição das armas dos policiais que perseguem os garotos que protegem seu amigo espacial. Na nova versão, eles carregam walkie-talkies.
— Sempre disse a mim mesmo que, se um dia a tecnologia permitisse, tiraria as armas. Não havia lugar para armas em E.T. — disse o diretor, que atribuiu essa "visão mais responsável" ao fato de ser pai de sete filhos.
E.T. foi o primeiro filme a ultrapassar a marca dos US$ 700 milhões nas bilheterias (sendo que custou US$ 10 milhões), ocupando o posto de líder do ranking mundial durante 10 anos. Estrelado ainda por Drew Barrymore, Peter Coyote e Dee Wallace-Stone, se filia à linhagem das produções que seguem cativando todas as faixas etárias do público (algo incorporado, por exemplo, pelas animações da Pixar). Seja pelo lado aventureiro, seja pela mensagem sobre amizade e tolerância com o diferente, seja pela magia dos efeitos, seja pelo caráter nostálgico que, com o passar do tempo, adquiriu junto aos mais velhos (aliás, características que, na atualidade, explicam o fenômeno Stranger Things, seriado assumidamente inspirado na obra de Spielberg).
Concorreu a nove Oscar, incluindo melhor filme, diretor e roteiro original (escrito por Melissa Mathison), e ganhou quatro: música, efeitos visuais, som e efeitos sonoros. Frequentemente aparece nas listas de obras mais importantes — ou pelo menos as mais emocionantes.
— O filme é muito mais atemporal do que eu achava — comentou Spielberg em 2002. — E fala muito da minha vida. O menino no meio de sua família, com os pais recém-divorciados. Esse garoto solitário que busca a amizade, uma relação afetiva intensa que poderia compensar a ausência do pai. Elliot é o garoto que eu sempre quis ser. Como diretor, pude inventar um herói que é mais valente do que eu fui durante a minha infância.