Lançado no Festival de Amsterdã, na Holanda, em 2020, e vencedor dos troféus de melhor filme e roteiro no Cine Ceará, em 2021, o documentário 5 Casas, do diretor gaúcho Bruno Gularte Barreto está chegando ao circuito comercial na esteira de mais uma premiação.
No 50º Festival de Cinema Gramado, em agosto, conquistou quatro categorias da Mostra Gaúcha de longas: filme, direção, montagem (Vicente Moreno) e Júri Popular. Neste sábado (3), às 14h, 5 Casas terá sessão de pré-estreia no Espaço Bourbon Country, em Porto Alegre, dentro do projeto Clube do Professor — entrada gratuita para professores e ingressos a R$ 10 para o público em geral. Após a exibição, haverá debate com a presença de Barreto e Moreno e mediação de Marta Biavaschi. Na quinta-feira (8) que vem, entra em cartaz em três salas da Capital: Cinemateca Capitólio, Cinemateca Paulo Amorim e Espaço Bourbon Country.
A trama se passa em Dom Pedrito, município com 38 mil habitantes localizado entre Santana do Livramento e Bagé, na fronteira com o Uruguai. É o lugar onde nasceu e cresceu Barreto, que na infância perdeu a mãe e o pai em um intervalo de quatro anos. Muito tempo depois de ter saído de lá, ele retorna para lidar com as próprias memórias e com as pessoas que deixou para trás quando foi embora, como o cineasta diz na narração.
Seguindo a máxima atribuída a Leon Tolstói ("Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia"), a contemplativa jornada pessoal empreendida em 5 Casas mostra-se um inventário da vida e dos desafios em uma cidade pequena do Interior, particularmente do interior gaúcho, abordando temas como exploração da mão de obra campeira, uso de agrotóxicos, racismo, homofobia, bullying, especulação imobiliária, religiosidade e o abandono dos mais velhos. Recomendo muito o documentário, que virou também livro e exposição e sobre o qual escreverei mais em uma próxima coluna, que incluirá uma entrevista com Bruno Gularte Barreto.